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06/02/2012Logo na primeira reunião do ano, encerrada no dia 18, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica, a Selic. A perspectiva atual é de que ainda neste semestre o Brasil chega a uma taxa báscia abaixo de 10%. Qual impacto essa medida terá nos preços? Regra geral, juros menor tendem a pressionar a inflação por permitir maior circulação do dinheiro e consumo maior. No sentido inverso, o BC costuma adotar juros mais baixos para freiar o “dragão” da inflação. A relação juro X composição de preços, contudo, não é tão direta.
Uma taxa maior tanto pode conter como estimular a escalada de preços. Setores como calçados e cafeicultura são mais afetados pela variação dos juros. Segundo o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Economia e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, em média, com a taxa atual a cada R$ 100 pagos por um produto, R$ 2,5 correspondem a efeito dos juros na planilha de custos. “Quando uma empresa faz o seu mark up (diferença entre o pre-ço de custo da mercadoria e seu valor de venda), ela embute os juros”, assegura Oliveira.
Para calcular o quanto vai cobrar por uma mercadoria, a empresa contabiliza custos fixos (independem do volume vendido), custos variáveis, impostos e margem de lucro. Os juros integram principalmente o primeiro item. Sempre que uma empresa capta recursos de terceiros – empréstimos ou financiamentos – os juros impactam na sua planilha de custos. Mas há um variado leque de fatores que influenciam essa relação. Nos empréstimos (curto prazo), o peso das operações de crédito é menor, observa o economista e professor de Administração Financeira em uma universidade privada de Jequié, Isaías Matos.
O professor relatou que o tema (relação juros x preço de compras) é pouco explorado tanto pela academia quando na mídia. “Desde setembro do ano passado, é a primeira vez que me perguntam isso”, falou. Outro aspecto influencia o peso dos juros na composição dos preços: a importação de produtos mais baratos. “Os produtos de fora pressionam pela redução da margem de lucro. Até 1990, quando houve a abertura dos mercados pelo ex-presidente (Fernando) Collor, quem determinava o preço era o custo. Depois passou a ser o mercado”.
O presidente da Federação do Comércio do Estado da Bahia, Carlos Amaral, entende que o problema maior no custo das mercadorias não é a Selic, mas o spread – a diferença entre o custo dos bancos para captar no mercado o dinheiro e os juros cobrados ao tomador final. “Principalmente as financeiras. Quem tem cheque especial e cartão de crédito paga uma fábula. Em um automóvel, quando se termina de quitar um financiamento de 60 meses se paga dois automóveis”.
Para o representante do comércio, o fato do Brasil adotar taxas de juros livres prejudica todos os comerciantes. “No Brasil, cobra-se os juros que quiser. Há apenas um balizamento que é a Selic”, reforça. Mesmo considerando a baixa redução dos preços frente ao recuo da Selic, o vice-presidente da Anefac defende a concretização da estimativa do mercado de se chegar a uma Selic de um dígito ainda este ano. “Estamos vivendo uma crise internacional que já bateu aqui, senão estaríamos crescendo mais”, disse.
Impacto da Selic
Conforme estudo da Fundação Getúlio Vargas, focado no capital de giro, cada ponto a mais na taxa de juros impacta 0,22 ponto percentual do produto. Com a Selic em 10,5%, os juros sobre o capital de giro acarretam um ônus de 2,31%. Isso é uma média, destaca o vice-presidente da Fieb, Reinaldo Sampaio, que consultou o levantamento da FGV.
“Considerando que no tocante a capital de giro a taxa de juro anual pode variar de 25% a 45% ao ano, a depender do porte de empresa, esse impacto, segundo o estudo, pode variar de 7,22% em termos medianos a 10% ou mais”, disse. “A taxa Selic influencia o custo do capital de giro, com impactos não necessariamente proporcionais à sua própria variação. As expectativas do mercado podem impor às empresas custos de captação muito superiores à variação da taxa básica.” Sampaio ver como positiva a tendência de queda da Selic.
A seu ver, a política monetária focada na queda da inflação “já demonstrou, em diversos momentos, sua ineficácia no caso brasileiro”. Sampaio alerta que uma persistência de juros altos concorre para uma sobrevalorização da taxa de câmbio, comprometendo a competitividade da indústria nacional e inibindo o investimento.