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15/04/2012Especialista diz que medidas financeiras devem ocorrer durante esta semana. Bancos públicos começaram os cortes e alguns particulares já adotam mesmas medidas em suas taxas
A pressão feita pelo governo nas últimas semanas para uma redução dos spreads bancários e por consequência, das taxas de juros cobradas ao consumidor, deve surtir efeito. O spread é diferença entre o quanto as instituições bancárias pagam para captar recursos no mercado e o quanto cobram para emprestar dinheiro ao consumidor. Após os bancos públicos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) realizarem cortes expressivos em suas taxas, na última quinta-feira, o HSBC foi a primeira instituição privada a reduzir os níveis dos juros em suas linhas de crédito.
Segundo especialistas, Itaú, Bradesco e Santander devem seguir a tendência nas próximas semanas. Para o vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, os bancos privados já estão sentindo a pressão por parte dos consumidores para que baixem suas taxas sob pena de perder clientes, como ocorreu em 2008, quando os bancos públicos também reduziram as taxas em meio à crise econômica mundial.
“É inevitável que os bancos privados reduzam suas taxas de juros, senão vão perder clientes. Isso aconteceu em 2008 e eles não vão querer repetir o erro. Eu acredito que esta semana nós já veremos quedas nas taxas de juros”, opinou Oliveira.
O vice-presidente da Anefac, no entanto, aconselhou aos clientes que aguardem mais um pouco antes de tomar qualquer decisão sobre mudança de banco.
“A recomendação é que o cliente espere até o final desta semana para ver o que vai acontecer. Está tudo muito recente. E depois procure o seu gerente. Até lá provavelmente eles (os bancos) já vão ter uma resposta positiva”, destacou.
O presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, se reuniu com o Ministério da Fazenda, na última terça-feira e apresentou mais de 20 medidas que deveriam ser adotadas pelo governo e que ajudariam os bancos a reduzirem seus juros. O governo não gostou do tom da cobrança, mas deve ceder a algumas das reivindicações.
O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Antonio Licha, disse que a pressão por parte do governo deve surtir efeito rápido, mas se mostrou preocupado com as consequências futuras.
“Reduzir os spreads é um objetivo, mas não pode ser da maneira como foi feito, pois pode causar uma competição predatória. Os bancos certamente vão baixar os juros. Mas para isso talvez precisem fazer operações de alto risco e daqui a três ou quatro anos tenham problemas de lucratividade e o governo precise intervir para salvá-los”, opinou.
A grande luta do governo é para reduzir os spreads bancários, que hoje giram em torno de 35,8% e são o segundo maior do mundo, perdendo apenas para Madagascar.
Para Miguel Ribeiro de Oliveira, a pressão do governo é positiva, pois os bancos privados têm condições de reduzir os juros. Segundo ele, com a redução das taxas de juros, deve cair também o índice de inadimplência, que cresceu de 4,7% para 5,8% entre fevereiro de 2011 e 2012.
“Nossa expectativa era que os juros caíssem, pois o Copom (Comitê de Política Monetária) deve baixar a Selic para 9%. Mas agora com os cortes de juros pelos bancos, deve haver uma redução ainda maior, o que vai colaborar também para que a inadimplência, que está em alta, comece a cair”, concluiu.
Entenda o spread
http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/economia/pressionados-bancos-devem-reduzir-os-juros