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27/08/2012Por Renato Rostás | De São Paulo
A falta de uniformidade na utilização indicadores gerenciais, como o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), continua dificultando a interpretação das informações financeiras das empresas brasileiras, segundo especialistas em contabilidade.
Apesar da adoção pelo país das normas internacionais de contabilidade (IFRS, na sigla em inglês) desde 2010, as empresas mantiveram a prática de divulgar “informações paralelas”, às vezes totalmente divergentes dos números das demonstrações contábeis oficiais. Também entram na relação lucros “ajustados”.
Para Sérgio de Iudícibus, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), ligada à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, cada empresa tem seus critérios e ajusta números de acordo com suas necessidades em cada trimestre.
“As informações contábeis das normas internacionais são mais importantes para quem estuda as empresas do que esses números psicodélicos, apesar de o mercado olhar os indicadores gerenciais”, diz Iudícibus. Ele critica, entre outros, o Ebitda. Mas seriam as próprias companhias que deveriam ser responsáveis, em sua opinião, por essa mudança. “Não é o papel da regulação.”
José Wanderley, gerente de controladoria da fabricante de cosméticos Natura, concorda que há problemas nos ajustes feitos nesses dados. Ele avalia que o Ebitda é mal-empregado em alguns casos, com a exclusão de itens que prejudicariam os números operacionais.
Mas, ao contrário do professor, ele vê como papel da regulação essa exigência de padrões comuns. “Se o CPC [Comitê de Pronunciamentos Contábeis, que elabora as normas contábeis no país a partir das IFRS] pede os mesmos critérios para itens do balanço, por que não para esses indicadores de mercado?”, diz.
Em evento realizado na semana passada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac) para entrega do Troféu Transparência 2012, Iudícibus também comentou que ainda é preciso evoluir em temas como ativo intangível e capital intelectual das empresas, que são valores difíceis de se calcular, mas que precisam aparecer mais nas demonstrações.
Iudícibus é membro do comitê julgador do prêmio, que escolhe anualmente as empresas abertas e de capital fechado com os balanços considerados mais transparentes. Os critérios vão desde a aderência aos princípios contábeis à divulgação de dados relevantes não exigidos legalmente.