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18/04/2013CAROLINA MATOS
DE SÃO PAULO
ANDERSON FIGO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Com o juro básico –a taxa Selic– entre 7,25% ao ano e 7,75% ao ano, a poupança é um investimento mais atraente que a maioria dos fundos de renda fixa, considerando o ganho líquido mensal, que desconta taxas cobradas e impostos, segundo levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Mesmo com a perspectiva de aperto monetário para conter a inflação, a Selic permanece mais baixa do que no passado, em um dígito, e é preciso fazer conta antes de optar por um investimento.
Vídeo: entenda como os juros se refletem no desempenho dos títulos públicos
Na comparação da Anefac com os fundos de renda fixa, a caderneta se revela uma boa alternativa mesmo após a mudança de regras que reduziu a rentabilidade de aplicações feitas a partir de 4 de maio de 2012.
Pela norma, todos os novos depósitos efetuados na poupança renderão 70% da Selic mais TR (Taxa Referencial) sempre que o juro básico for menor ou igual a 8,5% ao ano.
Só os fundos com taxas de administração de 0,50% ao ano –concedidas, normalmente, em aplicações acima de R$ 50 mil– sempre vencem da poupança independentemente dos prazos de resgate determinados.De acordo com a Anefac, a nova poupança, com rentabilidade de 0,41% ao mês a 0,44% ao mês, dependendo da Selic, ganha de todos os fundos de renda fixa com taxa de administração a partir de 2% ao ano, independente do prazo para resgate dos recursos.
Considerando a poupança antiga –que rende 0,5% ao mês mais TR, ou 6,17% ao ano mais TR–, que contempla aplicações anteriores a 4 de maio de 2012, a caderneta é mais vantajosa que todas as opções de fundos destacadas pela Anefac, com taxas de administração entre 0,50% ao ano e 3% ao ano e qualquer prazo de resgate.
COMPARAÇÃO
Além de comparar os custos antes de aplicar, o investidor deve considerar a possibilidade de mudar os recursos de um fundo para outro quando encontrar alternativas similares mais em conta.
É importante, no entanto, colocar na ponta do lápis quanto terá de pagar de Imposto de Renda na troca.
Se os recursos estiverem em um fundo há mais de dois anos, por exemplo, o investidor já tem o benefício da alíquota mais baixa possível do IR, de 15% sobre a rentabilidade.
No caso de surgir fundo similar com taxa de administração menor, o aplicador precisa avaliar se conseguirá manter o dinheiro investido na nova opção por outros dois anos, pois, se tiver de resgatar antes, pagará IR outra vez e com alíquota maior.
Se o horizonte for o longo prazo e a diferença de custos expressiva –por exemplo, de uma taxa de administração de 3% ao ano para outra de 1,5% ao ano–, a troca pode compensar.
TÍTULOS PÚBLICOS
Com a Selic ainda em um dígito, os títulos do governo podem ser uma boa alternativa em relação a outras aplicações de renda fixa.
Principalmente para o pequeno investidor, que tem dificuldade de conseguir custos mais baixos em muitos investimentos tradicionais, como fundos.
Isso porque o peso de uma taxa de administração alta em uma aplicação cujo rendimento é atrelado à Selic ou ao CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro, que fica próximo à taxa de juros) é maior quanto menor for a taxa Selic.
É preciso, no entanto, ficar atento às taxas cobradas na aplicação no Tesouro, que também podem corroer parte dos rendimentos.
Agora, para aplicar no Tesouro, há uma taxa de custódia, cobrada pela BM&FBovespa, de 0,3%, e outra cobrada pela instituição financeira escolhida pelo investidor -muitas não cobram, mas ela costuma variar até 2%.A BM&FBovespa e o Tesouro extinguiram a taxa de negociação na compra de títulos —que era de 0,1%– para reduzir os custos do investimento, cujo ganho começava a empatar com a caderneta de poupança.
Para pesquisar as taxas das instituições, há uma lista no site do Tesouro.
Vale lembrar que incide ainda na aplicação o Imposto de Renda e o IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) para resgates antes do período de 30 dias.
Há diversas opções de títulos oferecidas pelo Tesouro, com diferentes vencimentos. Alguns são prefixados, em que a rentabilidade é definida na compra, e outros, pós-fixados, em que o rendimento é atrelado a um indexador, como a taxa de juros, e pode variar de acordo com ele.
Os prefixados são mais rentáveis quando a perspectiva é de redução de taxa de juros. Já os pós-fixados, quando a perspectiva é de aumento da Selic ou da inflação.
A liquidez -velocidade de o investimento se transformar em dinheiro- é garantida pelo governo, que recompra, toda semana, os títulos que os investidores querem vender.
Nessa operação, o aplicador pode ganhar ou perder dinheiro, dependendo de quanto pagou pelo título e do seu valor de mercado -definido por oferta e demanda.
ESCOLHA CERTA
Apesar de o Tesouro oferecer vantagens como o baixo custo, a praticidade e a garantia do governo, antes de escolher uma aplicação, o investidor deve definir três premissas: a quantia disponível para o investimento, o objetivo e o prazo para resgatar os recursos.
Assim, é mais fácil escolher a opção mais adequada.
Para o educador financeiro Mauro Calil, o Tesouro Direto é um investimento ideal para situações em que não se pode correr riscos, como um investimento para uma festa de casamento, e para, no máximo, dois anos.
Para ele, quando o objetivo permite um pouco mais de risco e um prazo maior, outras opções podem render mais, como fundos imobiliários, títulos de dívida privada, LCI (Letras de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).