Exame: 4 gargalos eólicos que o Brasil precisa soprar para longe
27/05/2013Exame: 4 gargalos eólicos que o Brasil precisa soprar para longe
27/05/2013Parques poderiam vender a energia antecipada no mercado livre e melhorar o perfil de contratação ante a elevação de custos de 12% com P90 e regras do Finame
Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Planejamento e Expansão
A presidente executiva da Associação Brasileira da Energia Eólica, Élbia Melo, voltou a defender a inclusão da fonte nos leilões A-5 como forma de trazer mais competitividade ao setor. Essa medida é vista como uma forma de rentabilizar os investimentos em eólicas diante do fato de que o governo aumentou exigências com o P90 e as novas regras do Finame, pois permitiria aos investidores entrar no mercado livre.
A executiva estimou que as duas novas medidas que serão exigidas por parte dos investidores elevará os aportes em 12% para cada uma das regras novas. Para ela, a presença de parques eólicos no A-5 seria importante para o atual momento pelo qual a fonte passa, classificando como de transição em função das medidas e das incertezas quanto à necessidade de investimentos adicionais que serão demandados em função das mudanças promovidas pelo governo federal.
“Para os anos de 2013 e 2014, precisamos de mecanismos como a participação no A-5 para enfrentar esse momento de mudanças”, declarou Élbia Melo.
Laura Porto, diretora da Iberdrola Renováveis, também defendeu o retorno da eólica ao A-5 como uma forma de mitigar os impactos das medidas sobre os aportes das empresas no país. Segundo ela, o leilão deve ser acessado porque permitiria a busca por um mix de mercado entre o ACL e o ACR, um perfil de contratação que agrega valor a esse tipo de investimentos. “Ter a eólica no A-5 é uma conquista interessante. A proposta é de insisitir na participação[no leilão]. Precisamos aguardar o sinal econômico do governo. O preço precisa qualificar a exigência do P90, que é exagerada na minha visão, poderia ser o P75″, afirmou a executiva durrante evento realizado em São Paulo nesta segunda-feira, 27 de maio.
O aumento do custo da energia, disse a presidente executiva da ABEEólica, não se trata de um movimento que pretende tirar a competitividade da fonte eólica no mercado nacional. Segundo ela, mesmo com a alteração das regras para a participação da fonte nos leilões de energia nova a eólica está em uma condição positiva. Élbia, qualificou essas mudanças apenas como uma nova orientação de política energética e que essas exigências podem ser atendidas pelo setor.
“O governo até separou os leilões, mas mesmo diante das térmicas a eólica está em siituação favorável diante das demais fontes. Nossa competitividade ainda é forte”, afirmou a presidente da ABEEólica. Um dos fatores que levam otimismo à associação setorial é a estimatva de que o potencial brasileiro de energia eólica e que está em estudo pelo Cepel pode chegar a 300 GW de capacidade de geração. Um volume que, segundo ela, ainda poderá colocar a eólica por muito tempo no foco da atuação dos investimentos na matriz energética do país.
A questão principal para os investidores, disse ela, é a necessidade de que o governo indique para uma demanda de contratação. Demanda, continuou a executiva, é o que o setor precisa nesse momento para que o Brasil possa concentrar fornecedores de máquinas e equipamentos em função da necessidade dessas empresa em ter o que classificou como “sinais adequados de demanda”. Esse sinal, no passado, foi indicado como de no mínimo de 2 GW ao ano. Élbia não apontou esse número mas vem dizendo que o país não pode ter novamente um ano de 2012 de contratações que passou um sinal negativo para os fabricantes.
Para o representante da Abimaq, associação dos fornecedores de máquinas e equipamentos, Roberto Veiga, não existe investimento sem demanda. Ele elogiou a forma como o governo defendeu o mercado nacional dos importados, mas ressaltou que sem demanda não há investimentos e não há redução de custos. Porém, as medidas do Finame trazem a competitividade para os equipamentos nacionais.
Élbia Melo lembrou ainda que na semana passada, durante o Enase, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim, sinalizou com a possibilidade de termos a eólica no A-5 para o final do ano. Porém, ela diz ainda que um dos problemas que podem ocorrer no país vem do fato de que com as regras atuais a oferta de parques deve somar cerca de 3 GW de capacidade instalada. Por isso, dependendo do volume contratado no LER, é possível que a eólica não consiga participar dos demais leilões planejados para 2013 por falta de projetos habilitados conforme as regras.
http://www.canalenergia.com.br/zpublisher/materias/Planejamento_e_Expansao.asp?id=95520