Valor Econômico: Juro para pessoa física sobe em abril após série de quedas, diz Anefac
14/05/2013O Estado de S. Paulo: Alta de juros ajuda a refrear a retomada da economia
14/05/2013Em cenário de inflação e juros mais altos, a procura dos consumidores por crédito deve cair em 2013, na avaliação de especialistas consultados pela Folha.
No comércio, o impacto já começou a ser sentido. O movimento de consumidores no comércio caiu 1,4% em abril na comparação com o do mês passado, segundo indicador da Serasa Experian, empresa de informações financeiras.
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Outro indicador, da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SP), mostra que a disposição do paulistano para buscar financiamento caiu 9,8% em abril.
Em março o índice já havia registrado queda de 1,5%. Desde julho do ano passado, quando foi iniciada a medição da Fecomercio-SP, houve redução de quase 50%.
“As famílias estão aprendendo que pagar juros é um péssimo negócio”, diz o educador financeiro Mauro Calil. “A inflação diminui o poder de compra, a capacidade salarial é a mesma”, diz Calil.
“Quando o Banco Central eleva os juros, ele certamente não está preocupado com a inflação de curto prazo. É uma medida que começa a fazer efeito em cinco ou seis meses, pelo menos”, diz Priscila Godoy, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
PERSPECTIVAS
Por esse motivo, mesmo com a inflação menor em 12 meses, o BC não só deve manter o ciclo de aperto monetário (aumento no juro básico) como também pode reavaliar se amplia o ritmo de alta da Selic, na avaliação de Priscila.
“A preocupação da autoridade monetária é com sua credibilidade, por isso o BC deve agir para evitar que a inflação se distancie da meta do governo –de 4,5% ao ano, com margem de dois pontos percentuais para baixo e para cima. O Boletim Focus [pesquisa do Banco Central com economistas] desta semana já mostrou que o mercado espera uma inflação maior no ano que vem. Isso deve preocupar o BC.”
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, concorda que a tomada de crédito deve ser menor para que os preços possam voltar a um patamar confortável no Brasil, mas não acredita que novos aumentos da Selic seja a melhor opção do BC para isso, uma vez que os juros maiores também desaceleram a atividade da indústria e o ritmo de crescimento do país.
“O Japão e os EUA estão comprando títulos para estimular o mercado, a Europa está cortando juros, mas, aqui, iniciamos um ciclo de alta da Selic. Não pode ser assim. Para combater os preços, o BC tem que adotar medidas macroprudenciais, como a menor concessão de crédito pelos bancos públicos, por exemplo.”
JUROS AO CONSUMIDOR
Segundo dados da Anefac (Associação dos Executivos de Finanças), os juros médios praticados pelos bancos nas linhas de crédito para consumidores subiram em abril como reflexo da elevação da taxa básica, a Selic.
A taxa média geral teve uma alta 0,03 ponto percentual, de 5,40% para 5,43% (88,61% ao ano).
Linha de crédito | Taxa em abril de 2013, ao mês | Taxa em março de 2013, ao mês |
---|---|---|
Juros comércio | 4,10% | 4,00% |
Cartão de crédito | 9,37% | 9,37% |
Cheque especial | 7,70% | 7,72% |
CDC -bancos- financiamento de automóveis | 1,54% | 1,52% |
Empréstimo pessoal -bancos | 2,94% | 2,91% |
Empréstimo pessoal-financeiras | 6,91% | 6,88% |
Taxa média | 5,43% | 5,40% |
O movimento interrompe uma sequência de quatro reduções seguidas na taxa média apurada em levantamento da Anefac (Associação dos Executivos de Finanças). A entidade divulgou nesta quinta-feira os dados do mês passado.
Das seis modalidades de financiamento para consumidores pesquisadas, quatro tiveram elevação: financiamento de automóveis, juros do comércio, empréstimo pessoal por bancos e por financeiras.
A taxa do cheque especial foi a única registrar queda, enquanto a do cartão de crédito ficou estável.
O juro básico brasileiro (taxa Selic) foi elevado de 7,25% ao ano para 7,5% ao ano pelo Banco Central no dia 17. Foi o primeiro aumento desde julho de 2011, quando havia passado de 12,25% para 12,50% ao ano.