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27/05/2013Mesmo com os preços dos painéis solares solares em queda, a disputa comercial entres os principais mercados solares e empresas falindo, o Brasil dá os primeiros passos no mercado solar e já começa a atrair interesse dos players internacionais, já que o alto nível de insolação permite baratear o custo da energia solar dispensando subsídios que a viabilizaram e tecnologia na Europa.
Por isso, não é por acaso, que este ano – quando começa a ser implementada a norma da Aneel que permite a microgeração com a venda de enegria para a rede – um dos principais veículos de comunicação de tecnologias limpas (cleantech) da Europa, a revista Cleantech Investor Magazine, organizou um e vento sobre energia solar, o BSEC em São Paulo.
Segundo a editora chefe, Anne McIvor, o momento é oportuno e Brasil tem uma grande oportunidade nas mãos. Anne organizou o evento para, além de abordar a energia eólica e solar de grande porte, ter um dia inteiro dedicado à geração de energia de pequeno porte (Veja detalhes aqui).
Segundo Anne e seu correspondente de energia solar Dennis Gross, existem dois movimentos no mercado solar Brasileiro. O principal é a entrada fabricantes e fornecedores de painéis solares visando o mercado de geração distribuída, ou micro e mini geração até 1MW, potencializado pela portaria da Aneel.
O outro é o de grande porte, que já conta com a entrada da alemã E.ON, que fechou parceria coma EPX do Eike Batista em Tauá no Ceará.
Como observadores especializados de fora, eles vislumbram que em breve os grande edifícios brasileiros com painéis solares, que podem até chegar a ter porte médio, já a insolação média no Brasil dispensa política de subsídios e o torna geração solar atraente.
Leia abaixo a entrevista com os dois feita com exclusividade por e-mail par a Revista Sustentabilidade.
Revista Sustentabilidade: Pela primeira vez a Cleantech Investor Magazine está organizando uma conferência de energia solar no Brasil. Quais os fatores que levaram a esta decisão e quais são as expectativas?
Cleantech Investor Magazine: Uma das razões para organizar a conferência é porque o governo brasileiro está incentivando geração de pequena escala, ou geração distribuída, por meio de uma legislação que permite descontos na conta de eletricidade de quem gerar energia com painéis solares e injetar o excesso de energia na rede, o que chamamos de ‘net metering’ (medição líquida em livre tradução).
RS: Como vocês vêm o potencial brasileiros em energia solar e por que é um mercado tão pouco desenvolvido?
CIM: O Brasil tem um enorme potencial de energia solar. A razão que o mercado é subdesenvolvido e porque o governo não criou incentivos como subsídios, tal qual o ‘feed-in tariffs’, que deram um impulso no mercado em outros países.
RS: Levando em contas as recentes mudanças no mercado de solar fotovoltaico no mundo, como vocês acham que o Brasil vai se inserir nele?
CIM: As mudanças no mercado global de energia fotovoltaica incluem uma queda dramática nos preços por causa dos grandes volumes de painéis produzidos em fábricas na China, combinado com uma reversão nos incentivos, com vários países removendo subsídios como feed-in tariffs. Isso resultou em algumas falências de empresas de alto destaque, principalmente nos Estados Unidos, onde o governo tem fornecido incentivos para empresas desenvolverem novas tecnologias – algumas que eram simplesmente muito caras para competir em um mercado com excesso de capacidade de produção.
Para o Brasil, no lado da manufatura, não faz sentido competir com os chineses pelo volume de mercado, mas talvez haja espaço para produção de nicho com tecnologias específicas. Mas para a implantação do mercado, o Brasil tem uma grande oportunidade para distribuição de energia solar de menor porte com a nova legislação. Existem muitas novas empresas com novos modelos de negócios de sucesso em mercados desenvolvidos, como o dos Estados Unidos, que poderiam servir de exemplo para o Brasil, estas incluem a SolarCity que recentemente lançou ações no mercado.
RS: O desenvolvimento recente do setor eólico no Brasil pode ser um modelo ou um exemplo do que poderia acontecer no setor solar?
CIM: Para o setor elétrico como todo, os leilões, que são o centro do modelo de geração de grande porte no Brasil, poderiam ter um papel importante. Os leilões dedicados para a tecnologia solar, emulando os leilões dedicados de eólica organizados pela EPE, poderiam funcionar. Mas, para desenvolver uma indústria manufatureira local solar, como o Brasil fez com o setor eólico, o modelo pode ser menos relevante. Os empréstimos do BNDES dominam o setor eólico, e existe uma exigência de conteúdo local, que para setor eólico faz sentido produzir equipamentos localmente, independente dos empréstimos que o BNDES oferece para os desenvolvedores dos projetos. No setor solar, as vantagens de produzir localmente não são tão óbvias, especialmente quando cenário global aponta para capacidade produtiva maior que a demanda.
RS: Sobre tecnologia: Vocês percebem o Brasil tendo a capacidade de desenvolver sua própria tecnologia solar ou o país vai depender da importação de tecnologia chinesa ou de outros países? Como que as políticas de conteúdo local podem afetar o desenvolvimento deste mercado?
CIM: Com a crescente globalização dos mercados consumidores, os fabricantes chineses têm tido sucesso em dominar o fornecimento de módulos solares, mas em países onde existe uma forte presença de fabricantes, por exemplo EUA, Japão e Alemanha, existe uma preferência por conteúdo local. Os chineses têm demonstrado uma vontade de estabelecer fábricas em regiões que têm restrições à importação e onde surgem disputas comerciais, por exemplo, na Europa, para evitar a tarifas de importação. Esta também pode ser uma estratégia para atender à demanda por conteúdo local no futuro, particularmente se o mercado está pronto para crescer. Como apenas um projeto de grande porte, co 1MW atualmente no Brasil, mas com o grande potencial para implementar solar nos edifícios, eles podem estar atraídos ao mercado.
RS: Quais são os preços médios para produção de energia solar? Levando em consideração que Brasil tem níveis maiores de insolação, a energia solar pode ser mais barata no Brasil, levando em conta o sistema de leilões que privilegia as fontes mais baratas?
CIM: As estatísticas da indústria mostraram que solar fotovoltaica tem mantido sua queda ano a ano, apesar das variações nos mercados, de uma média US$1.03/watt no primeiro trimestre de 2012 para US$0.76/watt no primeiro tri de 2013 para os principais fabricantes. Estes preços se estabilizaram como resultado do crescimento de demanda e restrições às importações, inclusive com à esperada alta nas tarifas europeias de importação que serão cobradas sobres os painéis chineses. Apesar das restrições, os mercados ocidentais já estão com super fornecimento.
Aí, um único watt de solar fotovoltaico instalado gera mais ou menos 1 a 2 kWh/ano, dependendo das condições de insolação. O ponto de retorno financeiro da energia solar é determinado pelo custo local da eletricidade e a insolação.
Para os mercados onde a insolação é menor, a energia solar fotovoltaica depende de subsídios na forma de feed-in-tariffs, a maioria que está sendo reduzido para acompanhar a queda dos custos dos módulos solares. No entanto, considerando a média do custo da energia solar combinada com a insolação relativamente alta no Brasil, a energia solar no país pode ser barata. O alto nível de insolação indica que a tecnologia solar por concentração pode ser uma opção atraente.
RS: Microgeração no Brasil: qual é o futuro?
CIM: O programa Luz Para Todos já é reconhecido fora do Brasil como um programa consolidado de microgeração, que fornece energia solar em locais isolados em todo o país. A geração distribuída ligada à rede, que é até a pacacidade de 1MW, se torna vem interessante por causa da legislação específica. O chute inicial para o mercado foi dado com os projetos dos estádios solares, como o da Coelba no Pituaçu em Salvador, que foi o primeiro. Mas outros edifícios grandes como escolas e hospitais são alvos para geração distribuída solar. E o benefício para a rede é de ter energia extra sem a necessidade de ter geração de larga escala em lugares centralizados.
RS: Na sua experiência, o mercado solar brasileiro pode ser comparado com quais outros mercados?
CIM: Como o mercado solar brasileiro está em estágio embrionário, é difícil responder esta pergunta. Será interessante ver nos próximos anos como ele será desenvolvido. A legislação de geração distribuída tem muitos paralelos com a da Califórnia, o mercado solar mais desenvolvido nos Estados Unidos. Existem outros paralelos com a Índia. Na China, o foco sempre foi em fabricar para para a exportação, e só agora que começam a desenvolver o mercado solar doméstico.
RS: Quais os grande players que vocês estão vendo no mercado Brasileiro solar?
CIM: O único projeto solar de grande porte é o da MPX no Ceará, o da MPX-E.ON. Outras empresas que investem no setor são a Renova Energia ( já estabelecida em eólica), a Solatio Energia, a Bioneenergy, Solyes, e Enel. No setor de pequena geração (abaixo de a 1MA), empresas experientes no setor de construção civil estão entrando no mercado solar como, por exemplo, a Odebrecht. Outras empresas neste segmentos incluem a Multiempreendimentos e Greenable. Existem também novos entrantes como a alemã Donauer e a Sun Edison, que está trabalhando com a Petrobras em um projeto de 1MW.
http://revistasustentabilidade.com.br/energia-solar-o-brasil-comeca-a-atrair-players-internacionais/