Época – C-Fly Aviation – Galeão receberá suíços e americanos para gerir pátio de jatinhos
03/09/2014Brasil Econômico – C-Fly Aviation – Jatos executivos ganham estacionamento VIP durante a Copa
03/09/2014Copa do Mundo inaugura nos aeroportos brasileiros sistema de Hangar a Céu Aberto
Projeto apresentado pela C-Fly Aviation elevou vagas no Galeão de 15 para 217. Outros aeroportos começam a adotar o mesmo sistema. E Governo Federal utilizará a metodologia para encontro do BRICS em julho.
A Copa do Mundo no Brasil permitiu a adoção inédita de sistema de recepção de jatos executivos aplicada nos maiores eventos políticos, empresariais e esportivos do planeta. A tecnologia proposta, fruto da experiência internacional única da Jet Aviation, que opera em 26 países desde 1967, é a de “Hangaragem a Céu Aberto”. No Brasil, a empresa é representada pela C-Fly Aviation, especializada em gerenciamento de aeronaves executivas.
Até a realização do campeonato de seleções, não havia nenhum hangar para jatos executivos no Galeão, o aeroporto internacional da cidade palco de uma quarta de final e da decisão do torneio em 13 de julho. Com apenas pátios e taxiways (vias de tráfego de aeronaves entre pátio e pistas de pouso e decolagem), as autoridades aeroportuárias tinham um problema a lidar: as esperadas 300 aeronaves para cada dia de grande jogo, podendo ser até 1/3 maior de acordo com os times em campo.
Para complicar, explica Francisco Lyra, diretor da C-Fly Aviation, o regramento nacional (RBAC154) e internacional (Anexo 14 OACI) impõe que as aeronaves no pátio sejam estacionadas cada uma dentro de um “stand” individual. O “stand” é uma área quadrangular delimitada por faixas amarelas no patio. Por serem areas não vocacionadas, os stands são super dimensionados para a aeronave de maior porte que lá opera. “Desta forma, o Pátio 5 (objeto desta cessão temporária) teria delimitadas apenas 15 posições para estacionamento, não importando o tamanho da aeronave (B747 vs Jatinho). Com este projeto foram ampliadas para 217”.
Para viabilizar a proposta tornou-se indispensável, do ponto de vista jurídico, que área fosse – temporariamente – transformada de “pátio” para “hangar a céu aberto”, através da locação da área para a empresa gestora, responsável civil pela operação e por sua segurança. “Ao defender a inédita tecnologia, diz Francisco Lyra, a Jet Aviation comprovou seu curriculum e credenciais internacionais de atendimento e adensamento de aeronaves em Beijing (Jogos Olímpicos), em Londres (Jogos Olímpicos) em Dallas (SuperBowl) e Nova York (Superbowl ha três meses). E, especialmente, devido ao atendimento anual em Zurique do WEF/DAVOS (Forum Econômico Mundial). Este ano, por exemplo, foram atendidos 794 jatos, sendo 120 de Chefes de Estado”.
Aprovação
Francisco Lyra relata que a proposta, inédita no Brasil, foi apresentada aos setores de Regulação e de Segurança Operacional da ANAC. Uma vez satisfeitas os questionamentos, exigências destes dois setores, foi apresentada à Secretaria de Aviação Civil, às Concessionárias Privadas e à Infraero. Todos os processos e procedimentos operacionais foram traduzidos, adaptados e aprovados para cumprir os requisitos brasileiros.
“Estávamos nos deparando com capacidades declaradas pelas administrações aeroportuárias em quantidades insignificantes, conforme apresentou a SAC em reunião no mês de abril com a ABAG. Por exemplo, haviam sido disponibilizadas apenas 5 vagas em Guarulhos e 7 vagas em Viracopos. No Galeão seriam apenas 15, mais vagas em taxiways (inconvenientes devido as aeronaves serem posicionadas em fila indiana). Com este projeto, as vagas no pátio 5 do Galeão aumentaram de 15 para 217, deixando ainda 7 posições para os voos cargueiros assim como os das delegações estrangeiras, que parqueiam proximo ao PECAN (Correio Aéreo Nacional), órgão militar”.
Entretanto, conta Francisco Lyra, as exigências de Segurança Operacional da ANAC impuseram um ônus muito maior: ao invés de apenas uma pessoa necessária para rebocar uma aeronave (tratorista), foram exigidos, no regime de adensamento, cinco profissionais. Por estacionarem muito próximas umas as outras, as aeronaves não podem mover-se por meios próprios. Somente rebocadas, com dois profissionais caminhando ao lado da ponta de cada asa, um profissional observando a cauda da aeronave e um supervisor coordenando toda a operação, todos com rádios de intercomunicação.
“No caso do projeto do Galeão, estes supervisores são especialistas estrangeiros da Jet Aviation que têm, cada um, no curriculum, a participação em pelo menos dois mega-eventos. Alem disso a Jet Aviation está enviando ao Brasil um Vice Presidente Senior de Operacoes e um Diretor Geral de Aeroportos”, diz o diretor da C-Fly Aviation. Outro fator que impacta pesadamente o custeio desta operação é a exigência de seguro especifico para o estacionamento adensado. Foi contratado um seguro de US$ 25.000.000,00 para cobrir os riscos de danos as aeronaves no solo durante esta operação de reboque.
O importante, destaca o executivo da C-Fly, é que o projeto, inovador e inédito no Brasil, foi avaliado pela ANAC (regulatório e segurança), pela SAC e pela Infraero. “Nenhuma empresa brasileira jamais havia executado esse procedimento, até então não previsto nem autorizado pela ANAC. Por ser temporário (delimitado no tempo à duração do campeonato mundial), notória especialização e credenciais, e nenhuma empresa brasileira haver sequer apresentado proposta similar, foi concedido o contrato”.
Coordenação de Fluxo de Trafego Aereo
De acordo com Lyra, devido à nova capacidade do Galeão que cresceu para 299 vagas (217+82) e que equivalem a quase 70% da somatória de toda a frota de aviões comerciais brasileiros (450) da Tam, Gol e Azul, fez-se necessário implantar uma especializada equipe de interface e troca de informação e gerenciamento de planos de voo com o órgão de controle e gerenciamento de trafego aéreo, buscando evitar congestionamento de jatos executivos que afete a continuidade e regularidade do serviço publico.
Após o solucionamento do desafio de estacionar centenas de jatos executivos no Galeão, outros operadores brasileiros (Lider, Tam, Global) se habilitaram para oferecer serviços similares em outros aeroportos. Foram adicionados mais seis, conforme informado pela Infraero, sendo os principais Congonhas, Confins, Fortaleza. Depois aderiram Guarulhos, Viracopos e Brasilia. “O problema de estacionamento de jatos executivos no Brasil, objeto de imensa preocupação, foi mitigado e hoje sobram vagas. Porem para dar conta do movimento extraordinário da Final de uma Copa do Mundo, as credenciais e experiência prévia foram determinantes”.
Por conta deste projeto, está sanada a preocupação das autoridades da diplomacia brasileira com a recepção de chefes de estado e centenas de executivos e suas aeronaves durante o encontro anual dos BRICS, de 15 a 17 de julho em Fortaleza. O aeroporto Pinto Martins deverá utilizar a mesma metodologia.
Custos
O estacionamento do Hangar a Céu Aberto foi precificado a US$ 2.500,00 por período de 24h. “Este valor é o mesmo que se cobra no dia-a-dia na Europa, no Aeroporto executivo de Londres (Luton). Foi referenciado desta forma porque a maioria das aeronaves deste porte frequentam regularmente os aeroportos da Europa e estão familiarizados com este nível de serviço e preços. O custo da operação de adensamento, conforme exposto anteriormente, impõe 5 funcionários para cada 1 nas atividades de reboque, supervisão de especialistas estrangeiros com credenciais e apólice especifica de seguro”, conta Francisco Lyra.