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Por Guilherme Alfredo de Moraes Nostre, mestre e doutor pela faculdade de Direito da USP e sócio do Moraes Pitombo Advogados
Confesso que quando soube do discurso performático de Janaína Paschoal em frente à Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, fiquei com uma estranha sensação. Nem quis ver a íntegra dos vídeos que viralizaram na Internet, em especial, entre a comunidade jurídica. Penso que minha reação inicial se deve a um desconforto causado pela incompatibilidade entre a imagem que criamos de nossos mestres das Arcadas e a cena que veio a sofrer as mais diversas análises, das religiosas às artísticas.
Dias depois, acompanhei sua audiência no Senado Federal. Se, mais uma vez, a carga emocional, por vezes metajurídica, do discurso me incomodava – por se distanciar de um raciocínio puramente técnico que esperava da professora e advogada reconhecida por sua cultura jurídica e lógica argumentativa -, comecei a perceber outra coisa. De que minha crítica e também as que ouvi de diversos colegas nos últimos dias, talvez fossem fruto de uma estranheza pela ausência da frieza que marca as falas de advogados nos meios de comunicação.
Mas, se podemos e devemos manter os nervos e emoções sob controle quando defendemos nossos clientes – assim como o fez o advogado da Advocacia Geral da União -, a emoção e a exaltação de Janaína não deveriam nos incomodar, nem ser alvo de críticas, pelo contrário!
Percebi que precisamos entender que seu papel, nesse momento histórico, não é de advogada, apenas. Não é de professora da Universidade de São Paulo, apenas. É, sobretudo, de uma cidadã brasileira que está lutando pelo que, de fato, acredita (esteja certa ou errada).
Assim, no dia seguinte, quando voltei a ver o noticiário das audiências sobre o impeachment, após a defesa técnica e racional realizada pelo ministro da AGU, pude distinguir com clareza que sob o semblante cansado de Janaína, nas suas declarações e respostas por vezes empolgadas e truncadas, havia algo diferente. Havia verdade. E isso não é pouco! Especialmente nesses dias em que sabemos que os discursos não vêm da alma ou do coração (e nem do próprio intelecto). Mas vêm do bem remunerado trabalho de marqueteiros, em que percebemos claramente que aqueles que articulam com astúcia seus argumentos, não acreditam em nada do que dizem.
Ao final, o desconforto desapareceu e me peguei cantarolando uma antiga canção: “Ela diz que um dia a gente há de ser feliz, se Deus quiser…”