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As dicas de alguns dos mais importantes investidores brasileiros
Ouvir dicas dos melhores na área é uma ótima forma de aprender. Então, se você pretende se aventurar no mundo dos investimentos ou quer melhorar seu desempenho, pode ajudar muito ouvir os conselhos de quem já passou por isso. Conhecer a trajetória de investidores renomados, seguir suas dicas e entender os erros que cometeram pode valer ouro nesse mercado.
Florian Bartunek, Guilherme Affonso Ferreira, Luiz Fernando Figueiredo e Pierre Moreau, alguns dos principais nomes do mercado financeiro nacional, compartilharam suas experiências e conselhos no livro “Fora da curva: Os segredos dos grandes investidores do Brasil — e o que você pode aprender com eles”.
No lançamento da obra, realizado na semana passada, eles se disseram otimistas quanto ao cenário econômico atual, e ressaltaram que este é um bom momento para investir, se você souber aproveitar os baixos preços dos ativos brasileiros. Florian Bartunek, fundador da gestora de fundos Constellation, com R$ 2 bilhões patrimônio, afirmou que a troca de governo traz perspectivas positivas. Segundo ele, a expectativa é de recuperação dos lucros das companhias brasileiras.
Já Guilherme Affonso Ferreira, um dos principais investidores individuais da bolsa brasileira, membro dos conselhos de administração de seis empresas, entre elas, Arezzo, Gafisa e Petrobras, lembrou que a tendência é positiva, mas que a situação da economia ainda é muito ruim. “Não é que estamos num mundo completamente cor-de-rosa. Estamos saindo da escuridão total e começamos a ver o mundo um pouco cinza, mas ainda há muito o que melhorar”, disse ele.
LIVRO FORA DA CURVA (FOTO: DIVULGAÇÃO)
Também fizeram parte do livro Luis Stuhlberger, gestor do Verde, um dos fundos multimercados mais rentáveis do país, e José Carlos Reis de Magalhães Neto, fundador da gestora de recursos Tarpon, que tem cerca de R$ 10 bilhões de patrimônio. O prefácio foi escrito pelo empresário Jorge Paulo Lemann.
Nele, o homem mais rico do país escreve: “Sempre acreditei que o bom investidor não é o que foge do risco, mas o que sabe arriscar na hora certa. Risco é parte da vida. Quem não corre riscos não faz nada. Corri alguns riscos grandes, mas sempre com algum ‘treino’ antes”. Sua recomendação é: “Estude, trabalhe duro, fique cercado de gente boa, treine e corra riscos. Se, com o seu sucesso, puder impactar outras pessoas e retornar para a sociedade, é ainda melhor.”
Confira abaixo os conselhos de alguns dos maiores investidores do país:
Cerque-se de ótimos profissionais
Consenso entre os participantes do debate realizado durante o lançamento do livro, os maiores erros que eles disseram ter cometido em suas carreiras foi quanto a contratações erradas. Florian Bartunek afirmou que muitas vezes ficou “ansioso” em contratar um funcionário e preencher uma vaga aberta, mas que o profissional contratado acabou não se adaptando à cultura da empresa. “Às vezes, a gente demora mais de um ano para decidir investir em uma empresa, mas contrata um analista em um dia”, disse ele. E, muitas vezes, a empresa acaba ficando “presa” a esse funcionário por meses.
Guilherme Affonso Ferreira concordou: “gente é muito mais importante do que ativos”, e por isso não adianta ter pressa em contratar um novo funcionário.
Ações são um investimento de longo prazo
“Existe uma diferença entre o valor de uma ação e o preço dela. Se você souber o real valor do ativo, pode usar isso a seu favor”, afirmou Florian Bartunek. Segundo ele, se a sua avaliação estiver correta, você ganhará dinheiro no longo prazo. Mas isso só é verdade realmente no longo prazo. “Você precisa ter a frieza de não entrar na euforia [do mercado]”. É preciso ter o cuidado de não entrar nos grandes movimentos especulativos de compra ou venda. “Quem comprar ações e ficar com elas por 5 anos vai se dar bem. Quem ficar com elas por 6 meses, eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer”.
Ele disse também que há a expectativa de que as empresas brasileiras apresentem melhores resultados nos próximos trimestres – fruto de reestruturações e desalavancagens realizadas durante a crise. “Considerando que os resultados estão se mostrando melhores do que o mercado imagina, as ações estão baratas, de maneira geral”.
Invista naquilo que você conhece
Se um médico resolve investir na Bolsa, porque vai comprar ações do setor de mineração, sobre o qual não sabe nada, se pode investir em ações de saúde, um segmento muito mais próximo de seus conhecimentos? Para avaliar o real valor da ação — e saber se o preço está alto ou baixo — é preciso conhecer a empresa e o ramo de atividade dela. “Se você não sabe nada sobre um investimento, é melhor nem entrar”, disse Luiz Fernando Figueiredo, presidente da Mauá Capital, que tem cerca de R$ 2 bilhões sob gestão.
Tenha foco
“Prefiro ser mais focado em poucos ativos, e saber muito sobre eles”, afirmou Figueiredo. Ele lembrou uma vez em que estava conversando com colegas sobre petróleo, e alguém levantou a ideia de comprar ativos na Noruega. “Eu falei ‘está bem, se alguém aqui souber o nome do presidente do Banco Central da Noruega, a gente compra’. Ficou aquele silêncio. Ninguém fazia a menor ideia”.
Ele relatou outro caso quando tinha investimentos na China, que, segundo ele, iam muito bem. Até o dia em que o preço de uma ação de seu portfólio no gigante asiático caiu 10% e ele demorou umas quatro horas para entender o que havia acontecido “Você tem que ter uma vantagem competitiva. Se abrir muito o leque, a chance de dar errado é maior”.
Momento pode ser agora
“Ou as pessoas criam coragem e investem em renda variável ou vão perder o bonde de novo”, afirmou Guilherme Affonso Ferreira. Segundo ele, o momento atual é de “preços razoáveis” das ações de empresas brasileiras. “Esse é o momento de escolher bem e de ser conservador. É agora que o investidor pode escolher as companhias premium, que estão com os preços mais baixos”, afirmou.
No início da carreira, foque no aprendizado
Até os 30 anos, as decisões que você toma sobre sua carreira devem ser guiadas pelo aprendizado, defendeu Luiz Fernando Figueiredo. Esta é a dica que o empresário considera mais valiosa para profissionais no início de carreira. “Eu falo para meus funcionários que ainda são jovens: ‘se você for sair para ganhar mais, eu bato em você. Se for sair para aprender mais, te levo ao novo emprego no meu carro’”. Segundo ele, vale muito mais a pena investir no aprendizado no início da carreira, e isso vai gerar frutos, além de poder resultar em melhores salários numa próxima fase.
Invista tempo
“Quanto mais tempo você gasta num investimento, mais você ganha”, afirmou Florian Bartunek. Segundo ele, há uma falsa impressão de que investir em ações é fácil e que é possível fazer isso gastando poucas horas por dia, mas isso não é verdade. “É preciso se dedicar, entender a empresa no detalhe. Se não for para fazer isso, é melhor investir em fundos passivos, que têm muito mérito também”, disse ele. Sócio fundador da Constellation, ele afirma que a empresa muitas vezes demora mais de um ano até decidir investir em uma ação.
Não fique preso no escritório
Além de investir tempo, para conhecer os detalhes de cada empresa, é preciso sair do escritório, defende Bartunek. “Você precisa ir até a empresa, conhecer a diretoria, ler os estatutos, fazer reuniões e mais reuniões”, afirmou ele. Pierre Moreau lembrou ainda da importância de saber como é a governança corporativa da empresa. “É importante ler os estatutos, assim, você sabe qual o nível de governança presente e qual será o nível que a empresa quer ter no futuro”, afirmou.
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