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Volta e meia surgem notícias sobre famosos internados em clínicas de reabilitação para tratar a dependência de álcool, drogas e medicamentos. Mais do que um refúgio para uma fase conturbada, esses espaços servem para quem deseja combater um vício e aprender a controlá-lo. Saiba mais a respeito:
- Os casos mais indicados para internação são os de pessoas deprimidas com risco de suicídio, com esquizofrenia e outras psicoses em estado descompensado, transtornos alimentares graves e dependência de álcool, drogas, analgésico, ou medicamentos controlados com padrão compulsivo descontrolado.
- A internação é necessária quando a pessoa perde o juízo crítico da realidade, tem tendências suicidas e/ou pode agredir os outros ou a si mesma.
- A tendência mundial baseada em estudos científicos é evitar a internação em clínica fechada e buscar alternativas de tratamento num programa de inclusão social, inclusive hospital dia.
- São raros os casos de internação para portadores de dependência de internet ou para compradores compulsivos. Existem estratégias terapêuticas mais efetivas nestes casos.
- Nenhuma proposta de reabilitação faz uma pessoa parar de usar drogas ou consumir álcool, por exemplo, mas ensina a pessoa a viver sem.
- A reabilitação é baseada na abstinência total. A pessoa precisa ser treinada a desenvolver recursos para se afastar de pessoas, locais e situações de risco de recaída, antes de voltar para a sociedade.
- Cada paciente é único. Não há um padrão a ser seguido, assim como não é possível determinar previamente a duração da reabilitação. Em geral, os tratamentos envolvem medicamentos, alimentação controlada, dinâmicas de grupo, sessões individuais com psiquiatra, atividades recreativas e de lazer (como artesanato), palestras, filmes, terapia familiar, depoimentos de ex-pacientes, produção de um diário ou de um inventário da doença.
- Toda clínica tem suas especificações próprias. Receber visitas faz parte da estratégia de socialização e manejo dos estímulos externos, mas a forma e a frequência como são realizadas dependem da evolução de cada caso.
- Apenas a realização do programa recomendado não acaba com a dependência química. O sucesso depende da necessidade e, sobretudo, da vontade de mudar o estilo de vida. Muitas vezes a pessoa quer se ajudar, mas, por conta das alterações químicas no cérebro, ela não consegue sozinha. A expectativa da família é de que a pessoa esteja curada ao receber alta, mas, na realidade, as clínicas fechadas tratam da crise e não da doença em si.
- As pessoas costumam confundir internação como sinônimo de gravidade, muitas vezes adiando a tomada de decisão e piorando o quadro clínico, como forma de controlar as aparências. Clínica de reabilitação não tem nada a ver com o conceito antigo de “hospício”, no sentido de confinamento e não tratamento. E muito menos trata-se de uma espécie de hotel fazenda ou spa. Há quem veja a internação como fuga das pressões da realidade, e não um lugar de trabalho para se enfrentar as mesmas.
- Em geral, as clínicas ficam em locais de acesso restrito para proteger a privacidade de quem as frequenta e propiciar o controle na quantidade e intensidade dos estímulos que o paciente pode suportar antes de receber alta.
- Se o paciente for resistente à internação, a família pode autorizar o psiquiatra a fazer o tratamento contra a vontade dele. Porém, é preciso romper com essa negação para que o tratamento seja bem-sucedido. É bom ressaltar que a escolha da instituição não deve ser feita nos mesmos moldes como se escolhe um hotel.
- Para a medicina, a dependência química é uma doença crônica. Na internação o paciente está em ambiente protegido. Ao ter alta ele está desintoxicado, mas ainda não tem preparo para lidar com situações, pessoas e emoções de risco. O tratamento pós-internação em hospital dia é imprescindível, pois ajuda a pessoa a desenvolver estratégias de enfrentamento para situações de risco, melhorar a autoestima, prevenir recaídas e reorganizar a nova rotina.
FONTES: Cirilo Tissot, psiquiatra e diretor técnico da Clínica Greenwood, em Itapecerica da Serra (SP); Dorit W. Verea, sócia-diretora da Clínica Prisma, em São Paulo (SP); Eli Stern, psiquiatra do CAPS III (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) Jardim Ângela, gerenciado pelo Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim), em São Paulo (SP), e Leonard Verea, psiquiatra especializado em Hipnose Dinâmica e Medicina Psicossomática, de São Paulo (SP)