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19/06/2018Moreira Franco pressionou por propina
19/06/2018O Globo 07/06/2018
Moreira Franco pressionou por propina, diz dono da Engevix
Ministro teria coagido dono da Engevix quando chefiava a Aviação Civil
POR JAILTON DE CARVALHO
BRASÍLIA — O empresário José Antunes Sobrinho, dono da Engevix, afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, fez pressão sobre os negócios da empreiteira na área da Aviação Civil, em 2014, com o objetivo de obter repasses financeiros da empresa. Antunes disse que as pressões de Moreira, à época ministro da Aviação Civil, ocorreram em reuniões de negócios com o governo num período em que a Engevix detinha participações no consórcio que administrava os aeroportos de Brasília e Natal.
Os pedidos de dinheiro do emedebista teriam ocorrido no mesmo período em que o coronel João Baptista Lima, apontado como operador do presidente Michel Temer, pressionou a empresa para obter o pagamento de propina relacionada a um contrato com a Eletronuclear, de acordo com Antunes.
No interrogatório, o dono da Engevix confirmou que fez pagamento de R$ 1 milhão ao coronel em 2014. A liberação da propina teria ocorrido pouco antes do início da reforma da casa de Maristela Temer, filha do presidente. A polícia investiga se o coronel atuava como testa de ferro de Temer na cobrança de suborno de empresas interessadas em favores do governo.
As duas informações podem dar um novo impulso às investigações. Primeiro, Sobrinho falou sobre a pressão do coronel pelo pagamento de R$ 1 milhão. Para o empresário, a recusa em atender ao pedido poderia complicar os negócios da Engevix na Eletronuclear, área de influência de Temer. Para ele, não havia qualquer dúvida sobre as relações entre o presidente e o coronel.
Depois de descrever a movimentação de Lima, Antunes afirmou que Moreira Franco “também pediu dinheiro”. Ele contou que, irritado com o cerco, respondeu que já tinha liberado o pagamento para o coronel. Moreira, portanto, teria de se entender com o amigo de Temer. Não está claro o que fez o ministro depois da suposta conversa com o empresário.
Antunes prestou depoimento na tarde de terça-feira na sede da Polícia Federal. O empresário disse que fez o pagamento ao coronel numa operação camuflada. O dinheiro foi repassado à PDA, uma das empresas do coronel, pela Alumi Publicidade. A Alumi tinha contrato com a Engevix, relativo ao aeroporto de Brasília. O presidente da Alumi, Marcelo Castanho, confirmou ao GLOBO o pagamento:
— Foi um pedido do Antunes, da Inframérica, para fazer o pagamento — disse.
Procurado, o advogado Antonio Moraes Pitombo, responsável pela defesa de Moreira, disse que não comentaria as acusações do empresário. Pitombo afirmou, porém, que estranha o comportamento do empresário que, recentemente, teria classificado o ministro como um homem probo.
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