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Após atravessar a crise, empreiteiras admitem que é necessário revisar estrutura organizacional, calendário de obras e fornecedores para aproveitar o próximo ciclo de crescimento da construção
A crise que atingiu o Brasil nos últimos anos foi fator determinante para evidenciar a falta de planejamento organizacional de construtoras de todos os portes. Agora, com o pior da recessão ficando para trás, cerca de 52,2% das empreiteiras admitem que rever o estrutura, reorganizar negócios e rearranjar obras em andamento é o único caminho para voltar a crescer.
O dado faz parte de um levantamento realizado pela Sienge, plataforma desenvolvida para atender às necessidades de gestão e operações das empresas que atuam no segmento de construção civil. Segundo o estudo, uma demanda em comum se sobressaiu: “A maior dificuldade ainda está na falta de organização do negócio”, diz o gerente de Marketing do Sienge, Guilherme Quandt.
De acordo com ele, para poder implementar uma reestruturação, é preciso ter visibilidade sobre o negócio como um todo, “acompanhando os principais indicadores e também olhando de perto os custos das obras em andamento”, descreve.
De acordo com o levantamento, entre as maiores preocupações dos empresários deste ramo estão a redução de custos (30,8%) e o aumento nas vendas (15,39%). Outro indicador importante diz respeito ao uso de tecnologia da informação: 74,15% contam com planilhas para gerenciar o negócio, enquanto uma parcela menor (16,74%) utiliza algum tipo de software de gestão para estruturar operações.
“As conclusões do estudo realizado pelo Sienge demonstram que as empresas da construção estão preocupadas em organizar-se para voltar a crescer, no entanto, em sua maioria, ainda não conta com as ferramentas de gestão necessárias”, ressalta.
Mercado mais maduro
Com mais de 500 mil de postos de trabalho perdidos entre 2014 e 2017, o setor da construção civil passa por uma ‘peneira’ também quando o assunto é número de empresas. Segundo estimativa do IBGE, só em 2016, mais de quatro mil empresas de construção foram fechadas, e morosidade para se adaptar ao novo cenário econômico foi um dos motivos para este resultado. “Boa parte das construtoras de pequeno e médio porte adota uma postura menos pragmática e mais emocional, e na crise essa cultura expõe uma fragilidade financeira que pode culminar em falência”, contou o professor de gestão empresarial e especialista no ramo de infraestrutura e construção, Josué Carlos Martinez.
Uma das formas de evitar que a volatilidade econômica seja fatal para a empresa, diz o executivo da Sienge, é o uso de ferramentas tecnológicas para facilitar o entendimento do mercado como um todo e preparar os empresários para mudanças no mercado.
“A tecnologia é fundamental para que o gestor acompanhe os principais indicadores do negócio no dia a dia, consiga identificar gargalos e perdas, e possa tornar o negócio mais eficiente e rentável.”
Volta por cima
A busca de construtoras por reorganizações operacionais também foi sentida na LCC Auditores e Consultores. Segundo Marcello Lopes, um dos sócios da companhia, as pequenas e médias estão “arrumando a casa” e se preparam para atender demanda na área comercial a partir de encomendas de grandes grupos.
De acordo com ele, nos últimos seis meses, a LCC atendeu 13 construtoras. As principais demandas estavam relacionadas a revisão da estrutura organizacional e funcional para melhores práticas de governança corporativa e o atendimento das políticas de compliance das contratantes.
Além de se preparar para a retomada do mercado, ele cita que muitas empresas também passam por esse processo para possíveis operações de fusão e incorporação “Permitindo melhor análise da empresa, identificando, antecipando e corrigindo possíveis problemas que possam afetar diretamente o valor a ser atribuído a esta companhia em qualquer operação a ser realizada.”
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