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As intervenções começaram tímidas em 2017, com a pavimentação do antigo leito do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) no Botafogo. Quem circula hoje pela cidade, no entanto, tem a exata noção do que vai representar a implantação do BRT, sigla em inglês para Bus Rapid Transit, que promete ser uma solução revolucionária do sistema público de transportes.
As intervenções executadas pelos operários de oito construtoras consorciadas transformam rapidamente a paisagem de bairros como o Bonfim, a Vila Teixeira e o Jardim Aurélia, na primeira das frentes de trabalho. Depois da remoção dos trilhos do antigo ramal férreo, o leito do VLT recebeu um pavimento de concreto.
O traçado que cruza os bairros vai receber o trânsito de veículos elétricos. E a faixa exclusiva para ônibus promete derrubar pela metade o tempo de viagem das pessoas que, atualmente, se servem dos veículos convencionais.
O traçado exclusivo do BRT começa nas imediações da Estação Rodoviária, onde os campineiros já ficam impressionados com a imagem dos operários montando a estrutura metálica de pilastras gigantescas que darão sustentação a um novo viaduto sobre a Barão de Itapura. Dali, o traçado contorna o casario dos bairros. Já está pronta, por exemplo, uma das estações de transferência previstas para o sistema.
Ouro Verde
Na região do Ouro Verde, outra frente de trabalho executa serviços básicos de infraestrutura urbana no trecho da Avenida Ruy Rodrigues. A movimentação de tratores é frenética. As gigantescas manilhas de concreto estão dispostas em trechos imensos de movimentação de terras. Naquele ponto, vai existir um terminal com linhas alimentadoras, ou seja, aquele será o ponto final dos veículos convencionais que, chegando dos bairros, permitirão a transposição rápida dos passageiros aos ônibus elétricos.
Quem mora, trabalha ou tem seu negócio às margens do traçado confia, sim, que o sistema será muito importante para os usuários do transporte público. E aquela gente, pacientemente, suporta as agruras de um cotidiano marcado pela poeira, pelo barulho ensurdecedor das máquinas, pelo trânsito confuso, concentrado nas antigas vias marginais da Ruy Rodrigues.
Há, naturalmente, muitas queixas. Como ninguém mais pode estacionar o carro na Ruy, ninguém mais entra nas lojas ou nas lanchonetes. Não há mais pontos de ônibus. Os trabalhadores caminham por mais de um quilômetro até o final do trecho atual das obras, e só lá pegam o coletivo.
Infelizmente, é o preço a se pagar. “Campinas jamais executou um projeto tão complexo no setor. Precisamos fazer intervenções pesadas para conseguir, e, breve, um sistema eficiente, seguro, limpo” , diz o secretário municipal de Transportes, Carlos José Barreiro, que também preside a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec).
Mas o secretário sabe. As mudanças radicais doem no coração do povo. Há quem sinta saudade do trânsito ordenado, das árvores frondosas que existiam no canteiro central, do entra e sai de clientes no comércio. Hoje as lojas sobrevivem heroicamente. E as pessoas que vivem às margens do traçado — embora confiantes no futuro — se mostram ansiosas por não saberem quando o sistema vai efetivamente funcionar.
A missão de Barreiro e da Administração Jonas Donizette (PSB) é convencer as pessoas de que os obstáculos são passageiros, e vão valer a pena. “Optamos por dividir as obras em quatro lotes específicos, para que as intervenções interfiram o quanto menos no dia a dia dos bairros”, afirma. Ele admite que a Prefeitura deve estreitar ainda mais a relação com os moradores, ouvir queixas, dar explicações, aceitar sugestões. “O BRT é um projeto imenso, um aprendizado para a própria Prefeitura. Uma obra pública como nunca se viu por aqui”, diz.
Novo sistema vai beneficiar 450 mil passageiros
O BRT campineiro vai beneficiar cerca de 450 mil pessoas que moram nos distritos do Campo Grande e Ouro Verde. Os três corredores planejados — Campo Grande, Ouro Verde e Perimetral — terão custo total de R$ 451 milhões. Serão 36,6 km de corredores. E as obras serão executadas até o segundo semestre de 2020. O sistema BRT contempla estações de transferência e infraestrutura adequada; veículos articulados ou biarticulados; corredores exclusivos com espaços para ultrapassagens; embarque e desembarque pela esquerda (junto ao canteiro central das avenidas); embarque em nível e pagamento desembarcado. O sistema, garantem os idealizadores, será mais seguro, rápido, eficiente e confiável.
SAIBA MAIS
O BRT Campo Grande terá 17,9 km de extensão, saindo da região central de Campinas, passando pelo leito desativado do antigo Veículo Leve sobre Trilhos(VLT) e Avenida John Boyd Dunlop, até chegar ao Terminal Itajaí. Serão construídas 12 obras de arte (como são identificadas pelos arquitetos as pontes e os viadutos).
O BRT Ouro Verde terá 14,6 km de extensão, saindo da região central, seguindo pelas avenidas João Jorge, Amoreiras, Ruy Rodriguez e Camucim até chegar ao Terminal Vida Nova. Nesse trajeto, serão construídas outras quatro obras de arte.
Entre os dois corredores haverá um corredor perimetral com 4,1 km de extensão, ligando a Vila Aurocan ao Campos Elíseos, também seguindo pelo leito desativado do VLT.
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