Artigo: Soluções negociadas: uma mudança
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29/04/2019sua aprovação
Pierre Moreau*
28 de abril de 2019 | 13h00
O financiamento da Seguridade Social tem sido objeto de constantes ajustes na maioria dos países que adotaram este regime de proteção social. Isto se deve à dificuldade de se encontrar o ponto de equilíbrio entre receitas e despesas, diante da infinidade das necessidades humanas.
A Previdência Social é uma relação de seguro de longa duração, administrado pelo Estado, na qual as fontes de custeio precisam ser compatíveis com os benefícios concedidos. Quando esta equação não fecha, como é o caso atual do Brasil, o modelo adotado precisa ser revisitado e ajustado.
A situação econômica brasileira não permite que se adie a reforma da previdência. Nosso sistema previdenciário foi desenhado numa época em que a expectativa de vida era menor e a taxa de fertilidade, maior. A solidariedade entre as gerações, pilar fundamental do sistema, não é mais adequada ao perfil da sociedade brasileira.
A disparidade decorrente dos diversos regimes de Previdência existentes, como os dos setores público, privado e os regimes especiais, geraram injustiças e uma explosão do custo de seu financiamento. O resultado é o aumento do déficit das contas públicas.
Temos um novo mundo do trabalho, o que fez com que o regime geral de previdência entrasse em crise, pois as suas bases de financiamento, sustentadas, direta ou indiretamente, pela remuneração do trabalho, não atende à cobertura dos benefícios concedidos e a conceder.
Quando apresentei minha dissertação de mestrado na PUC/SP, em 2004, sob a orientação do prof. Wagner Balera, referência em Previdência no Brasil e no exterior, e que tratava do financiamento da Seguridade Social na União Europeia e no Brasil, discorri sobre estes e outros macroproblemas do financiamento da Previdência Social que, de lá pra cá, só se agravaram.
É natural que haja alguns grupos contrários à reforma querendo ver preservados alegados direitos futuros (meras expectativas de direitos). Mas, sem a reforma, o sistema entrará em colapso em breve e a consequência será que os benefícios não serão concedidos.
Sou favorável à reforma proposta pelo Governo que pretende ajustar o sistema atual.
Pode-se encontrar ao menos dez razões pelas quais a reforma merece aprovação:
1. pretende garantir aos cidadãos o atendimento de suas necessidades básicas, no campo assistencial;
2. não está baseada na elevação de impostos para o pagamento e a prestação dos benefícios da Previdência Social;
3. tende a reduzir o déficit previdenciário e a consequência imediata contribuirá para a capacidade do Estado de investir nas demais áreas da seguridade, como saúde e assistência social;
4. propõe a redução da desigualdade na distribuição dos recursos, minimizando privilégios há muito concedidos a determinados grupos sociais, promovendo, portanto, maior justiça social;
5. possui instrumentos para a redução no déficit das contas públicas, atenuando o risco-país e, por conseguinte, possuir potencial para elevar os investimentos, trazendo crescimento econômico, gerador de empregos;
6. insere o sistema de capitalização na Previdência, modelo que deverá ser adotado após a fase de transição, e será financiado pelo próprio trabalhador e empregadores e administrado pela iniciativa privada, o que aumenta a confiança no sistema;
7. poderá trazer vantagens para as empresas contratarem aposentados, o que levará ao maior aproveitamento desta mão-de-obra;
8. na nova sistemática tem meios para diminuir os encargos sobre a folha de pagamentos, estimulando a contratação de mão-de-obra e/ou o aumento de salários;
9. com o seu potencial para a redução dos encargos tributários também poderá estimular as atividades formais, com maior geração de receitas;
10. é nossa única alternativa.
É importante a conscientização dos deputados e senadores no sentido de aprovarem a reforma da Previdência. Do contrário, as consequências serão desastrosas para todos nós brasileiros.
Leia no Blog do Fausto Macedo, do Estadão, aqui