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18/09/2019dos planos de saúde
Com 93 mil vínculos a menos entre abril e julho, o número de beneficiários dos convênios médicos aparece abaixo de 47 milhões pela 1ª vez desde 2012
Alexandre Garcia, do R7
A elevada taxa de desemprego e o alto preço dos convênios médicos têm colocado os planos de saúde na UTI. Segundo dados do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), os convênios figuram com menos de 47 milhões de beneficiários pela primeira vez desde março de 2012.
O levantamento aponta que mais de 93 mil vínculos foram rompidos com os planos de saúde somente entre os meses de abril de julho deste ano. Na avaliação dos últimos 12 meses finalizados em julho, a perda de clientes alcança os 133 mil.
O superintendente executivo do IESS, José Cechin, afirma que a fuga dos clientes dos convênios médicos é motivada pelo clima de incerteza, recessão econômica e a taxa de desemprego, que hoje aflige mais de 12 milhões de brasileiros.
“No momento em que a pessoa perde o emprego, ela enfrenta mais dificuldade para manter um plano de saúde. Muitas vezes a família se apertam e reduzem gastos supérfluos, mas chega um momento em que não existe mais o que cortar e deixa o plano de saúde, ainda que contra a própria vontade”, analisa Cechin.
Atualmente, os planos coletivos empresariais somam 31,5 milhões e representam 67% do total de convênios médico-hospitalares no Brasil. As contratações individuais ou familiares são 9 milhões (19,2%).
O advogado e professor José Luiz Toro, especialista em saúde suplementar, atribui ainda a baixa no número de cliente dos convênios de saúde ao elevado custo para bancar o benefício de fora de um coletivo. “Acabam ficando nos planos apenas as pessoas que precisam”, observa ele.
“O plano individual custa mais do que o plano coletivo, apesar de ter algumas vantagens, como o índice de reajuste fixado pela ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar]”, destaca Toro ao analisar as possibilidades para os trabalhadores que perderam o emprego.
Retomada
Diante do cenário atual, Toro destaca que os planos de saúde como um “atrativo para os empregados” que só vai se reposto com o reaquecimento da economia. “Nos últimos anos, as operadoras de planos de saúde perderam 3 milhões de beneficiários”, recorda.
Para Cechin, a retomada de novas assinaturas de convênios médios acontecerá somente após uma sinalização positiva de alta do PIB (Produto Interno Bruto), que representa a soma de todas as riquezas produzidas no país.
“O crescimento dos planos virá junto com uma retomada importante da economia brasileira, com o fim das incertezas, a retomada dos investimentos e a criação de empregos na indústria”, avalia o superintendente do IESS.
A expectativa de Toro é de que o Congresso Nacional aprove mudanças que possibilitem uma maior adesão aos convênios médicos como uma ferramenta de saúde pública. “Quanto mais pessoas aderirem aos planos de saúde, melhor para o SUS [Sistema Único de Saúde], porque se você sacrificar muito a saúde suplementar vai aumentar o problema da saúde pública”, avalia o advogado.
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