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Vai lá e faz; vai lá, estuda e investe
Gestor da Constellation e organizador do “Fora da Curva 3 — Unicórnios e Startups de Sucesso”, Florian Bartunek reflete sobre investimentos e empreendorismo
Por Florian Bartunek20 mar 2021 09h00 – Atualizado 1 dia atrás
Florian Bartunek, da Constellation
Confesso que sempre tive um misto de inveja e admiração pelos empreendedores.
Ser investidor também não é nada fácil, requer muito esforço, estudo, resistência e frustrações da atividade gera muito valor para a sociedade — também somos de certa forma empreendedores.
Mas sempre tive a sensação de estar pegando carona na genialidade de terceiros. Quando começamos o projeto Fora da Curva Investidores, eu estava na minha zona de conforto. Investimentos sempre foram minha paixão, e ter a oportunidade de conversar e aprender com os investidores que eu mais admirava era um privilégio. Ler as histórias destes craques sempre dá uma sensação agridoce. Uma alegria e admiração pelas trajetórias incríveis, mas uma inquietação positiva de que eu poderia estar fazendo mais. E este empurrão para fazermos sempre mais é um dos principais motivadores desta série de livros.
A garotada com desejo de aprender e se superar sempre foi nossa inspiração no projeto Fora da Curva. No Brasil, infelizmente, não há muita literatura sobre os grandes empreendedores. Ler sobre Elon Musk, Jeff Bezos, Jack Ma e outros é fundamental, mas sempre deixa a dúvida se é possível construir algo semelhante no Brasil.
Ser empreendedor é criar novos mercados ou disruptar mercados atuais com um objetivo inabalável de fornecer um melhor produto ou serviço ao consumidor. Empreender é sair da zona de conforto e fazer o que outros muitas vezes acham impossível.
Livro Fora da Curva 3 — Unicórnios e Startups de Sucesso
Entre investidores o índice de sucesso é relativamente baixo. Além de os mercados serem muito difíceis de dominar, nossas emoções (ambição ou medo) muitas vezes nos atrapalham. Empreender é um desafio enorme, também com baixo índice de sucesso (me desculpem a franqueza). Porém, a inabalável fé em si mesmo e o desejo de mostrar que dá para fazer algo “melhor” para os clientes são combustíveis para os empreendedores irem em frente. É quase como subir o Everest sem treino.
Há um paralelo enorme entre empreendedores e investidores. Ambos trabalham com incerteza e devem ter um bom entendimento das características de um bom negócio. Ao longo dos últimos anos o setor de tecnologia e startups passou a ganhar destaque e ser, além de um gerador de muita riqueza, uma das carreiras de maior interesse para os jovens. Na bolsa, entre os IPOs recentes mais interessantes estão empresas de tecnologia, algumas praticamente ainda startups. Estas empresas são bem mais difíceis de analisar que as tradicionais. Os investidores também têm muita dificuldade em tratar com crescimentos exponenciais, e muitas vezes subestimam o potencial destas empresas. Em vez de procurar um P/L baixo (relação entre preço e lucro) ou um dividend yield alto, temos de usar outros indicadores, alguns quantitativos, mas a maioria qualitativos.
A qualidade das pessoas, o potencial de crescimento do mercado, um produto ou serviço que realmente atendem uma dor relevante do consumidor acabam sendo mais importantes do que se a empresa está a 80 ou a 90 vezes lucro. Valuation é sempre importante, mas nestes casos o resultado muitas vezes pode ser binário. Ou dá certo, ou não dá. Por isso escolher as pessoas é tão importante.
A ousadia dos empreendedores move o mundo à frente. Produtos e serviços que para nós hoje são obviedades, e nem pensamos muito em como foram criados, nasceram da ousadia de muitos desbravadores. Os grandes navegadores provavelmente foram os primeiros empreendedores modernos. Se você está com medo de começar seu negócio ou levantar dinheiro, imagine como deve ter sido para Cristóvão Colombo levantar dinheiro para navegar rumo ao desconhecido, sem saber se iria voltar vivo.
O Brasil, especialmente, precisa como nunca da energia empreendedora. Com uma população enorme muitas vezes desassistida, e com nenhum ou pouco acesso a serviços e produtos de qualidade, é por meio das novas soluções que podemos ter uma sociedade mais justa e igualitária.
Espero que você, leitor, se inspire nestas histórias de empreendedores, às vezes jovens, outros mais experientes, que fizeram acontecer seus sonhos, com muita garra e às vezes nas condições mais adversas. Alguns exemplos do livro têm educação em excelentes faculdades, outros nem tanto. Mas todos têm uma vontade enorme de mudar o mundo e perseguir seus sonhos.
Toda grande jornada começa com a coragem de dar o primeiro passo, sair da inércia e da zona de conforto. O fato de não termos claro como será cada passo do caminho não deve nos congelar. Muitas das histórias do livro começaram de uma maneira e terminaram com uma solução diferente e melhor do que a planejada.
Eu tenho profundo respeito, admiração e gratidão por todos os empreendedores, que dedicam suas vidas para fazerem um mundo mais justo, gerando empregos e melhores serviços e produtos para todos nós. A recente pandemia mostrou o papel social de várias empresas de tecnologia. Como investidores em ações temos o privilégio de participar destas histórias. Algumas no início, outras mais avançadas.
Investir em Mosaico, Stone, Localweb, Petz, Meliuz, entre várias outras é um desafio, mas também um privilégio. Nunca dá para parar e achar que já sabemos tudo. Isso é o que me fascina nos mercados, estamos sempre aprendendo. Empreendedores e investidores juntos são uma das esperanças para um futuro cada vez melhor.
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