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05/08/2021Diário do Comércio | Reorientar negócios para o pós-pandemia
05/08/2021A simbologia do horário de verão
Do Diário do Grande ABC
05/08/2021 | 23:59
Adoção do horário de verão e seu significado pairam acima de convenções explicitadas por autoridades públicas e comentários sobre efeitos biológicos no corpo humano. Após a crise do apagão elétrico do início do século, este recurso comum em nações do Hemisfério Norte propiciou algo muito mais relevante do que a economia de MW (Megawatt) em face da ausência de investimentos para suprir a demanda da sociedade por energia elétrica. Engajou todos no propósito de ampliar o uso de recursos naturais – como a claridade solar – em nosso favor, a exemplo de países como Canadá ou Rússia, que habilmente manejam estas fontes a favor de melhor convivência social. Respeitando-se situações de cada região, o horário de verão é fundamental para cuidar da demanda excessiva de forma que, em conjunto com outras medidas que incentivem a economia, gerem benefícios a todos os envolvidos.
O seu descontinuamento há dois anos foi, infelizmente, fundamentado por argumentos políticos ao invés de técnicos. Uma pena. Pior é constatar que governos de todas as matizes passaram pelo centro do poder sem adotar medidas estruturais que impedissem o ambiente assustador que vivemos agora. Simplesmente não há garantia de entrega de energia elétrica – independentemente de preço – para todos. O que o Amapá tem enfrentado é piloto da ameaça que pode se concretizar a qualquer momento. A sociedade está fragilizada e apagão seria mais um peso a se somar aos gerados pela pandemia e pela instabilidade política. Pequenas empresas, especialmente as de comércio, turismo e atividades culturais, foram as mais atingidas pela pandemia e têm muito a ganhar com maior duração do dia.
Dos que têm muito a ganhar, estão os bares e restaurantes que sobreviveram à pandemia. Estão todos fragilizados, mais de 90% bastante endividados, com dificuldades de pagar suas contas e retomar plenamente as atividades. A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) está fazendo campanha de divulgação do happy hour e de mesas nas calçadas e até na parte do leito da rua usada para estacionar veículos, a que fica em frente aos estabelecimentos. Saem máquinas, entra gente, seres humanos, a cara da cidade muda. É só perguntar a quem foi a Paris, Barcelona, Florença e tantas outras cidades voltadas para o ser humano e não para automóveis. A maior atividade econômica nesse horário de luz, certamente, se refletirá em outros setores como taxistas, postos de gasolina, shoppings, diversos outros, gerando emprego, PIB (Produto Interno Bruto), serviços, tributos, mas, principalmente, mais movimento, vida, humanidade e alegria à cidade. São motivos mais que suficientes para fazer as autoridades repensarem a volta do horário de verão. Afinal, há muito a ganhar e nada ou muito pouco a perder.
Percival Maricato é sócio do Maricato Advogados.
https://www.dgabc.com.br/Noticia/3738787/a-simbologia-do-horario-de-verao