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25/04/2012Diva volta ao Brasil após 4 anos com valores reajustados acima da inflação do período
O trabalhador brasileiro que ganha salário mínimo, atualmente em R$ 622, vai precisar trabalhar 41 dias para pagar o ingresso de R$ 850 que dá acesso ao melhor local do show da pop star Madonna. A cantora se apresenta em dezembro no Rio de Janeiro (1º), São Paulo (4) e Porto Alegre (9), com preços a partir de R$ 170.
Após problemas iniciais com o Procon, as vendas para o público em geral — para quem não é do fã-clube oficial ou não possui o cartão de crédito com a bandeira do patrocinador — começaram pela internet e telefone nos primeiros minutos desta quarta-feira (25) e seguem em horário comercial nos pontos de venda credenciados.
Mais caro que a inflação
Após quatro anos, Madonna volta ao Brasil com ingressos mais caros do que a inflação acumulada no período. De acordo com cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças e Contabilidade), o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), considerado a inflação oficial do País, acumula variação de 24% de dezembro de 2008 a abril de 2012. No entanto, para a apresentação deste ano, os ingressos subiram 42%.
Em 2008, quando veio com sua Sticky & Sweet — a turnê mais lucrativa de um artista solo, que arrecadou mais de R$ 766 milhões (US$ 408 milhões) em todo o mundo, o ingresso mais caro valia R$ 600. O vice-presidente da Anefac, Miguel de Oliveira, fez as contas:
— Assim, o ingresso de R$ 600 [preço em 2008], se corrigido pela inflação, de 24%, deveria custar R$ 744. Pulou para R$ 850. Houve um aumento real, já descontada a inflação, de 14,25%.
O valor do ingresso equivale a três cestas básicas em São Paulo, de R$ 273,25 cada, segundo o Dieese. Paga ainda os gastos com energia elétrica de uma família com quatro pessoas por mais de oito meses.
Também é possível arcar com meses de conta de celular com internet 3G e ainda dá para comprar mais de dez Blu-rays com o último show da diva em alta definição — veja mais comparações no quadro abaixo.
— Um assalariado, caso de muitos jovens em início de carreira, vai dedicar 41 dias de trabalho do ano para arcar com os R$ 850. Isso sem mencionar as taxas. Um ano de poupança que será gasto em cerca de duas horas.
Procurada, a T4F (Time for Fun), produtora responsável pela venda dos ingressos, explica os reajustes acima da inflação:
— A composição do preço do ingresso inclui uma série de fatores como produção do evento, cachê do artista, toda a logística do show e aluguel do local onde o espetáculo será realizado.
A empresa culpou ainda a meia entrada pelos altos preços das apresentações da diva no Brasil:
— O Brasil, no entanto, é o único País no mundo em que existe o ingresso de meia-entrada e muitas pessoas têm acesso a esse benefício. Hoje, grande parte do público de um show paga metade do ingresso. Se isso não existisse, certamente os preços seriam menores.
Ingresso pode chegar a R$ 1.208
Comprar fora da bilheteria oficial (local do próprio show) significa acrescentar mais 20% ao valor do ingresso. Com essa taxa de conveniência, cobrada de quem faz a reserva por internet ou telefone, o preço do bilhete de R$ 850, que dá acesso à chamada “pista premium”, bem em frente ao palco, salta para, no mínimo, R$ 1.020.
Essa diferença, de R$ 170, é suficiente para comprar outro ingresso, o da arquibancada, que exige binóculos. E as taxas não param por aí: o consumidor ainda é obrigado a pagar pelo envio do ingresso a seu endereço. Do contrário, tem a opção de desembolsar R$ 8 fixos para retirada nas bilheterias oficiais. Já são R$ 1.028.
O Brasil emergente recebeu preços mais caros do que as apresentações em outras partes do mundo. O poder da economia local ajuda a inflar os preços, o que não tem acontecido no exterior, que passa por crise e altos índices de desemprego.
Debochada como sempre, a própria Madonna tentou justificar o alto custo dos ingressos para a imprensa internacional:
— Economize os centavos, porque tem gente que gasta US$ 300 com coisas malucas, como bolsas. Então trabalhe o ano inteiro, junte dinheiro e vá ao meu show. Eu valho a pena!
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R$ 850 |
É o valor para assistir a Madonna na chamada Pista Premium, bem em frente ao palco, sem taxas. O valor é praticado somente para quem comprar na fila. | ||
41 dias |
É o tempo que um assalariado dedicará para pagar o show, caso de muitos jovens interessados no espetáculo | ||
R$ 1.028 |
É o valor mínimo para quem vai fazer a reserva por telefone ou internet, já com as taxas |
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R$ 178 |
É quanto o fã pagará apenas de taxas. O valor daria para comprar outro ingresso, em local mais modesto. | ||
O preço do ingresso equivale a: |
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28 jogos |
Dá para assistir a quase todas as partidas do Campeonato, algumas delas no próprio Morumbi, por R$ 30 cada | ||
10 Blu-rays |
Show de alta definição da última turnê da Madonna, a Sticky & Sweet , que passou pelo Brasil em 2008, por R$ 79,90 cada. | ||
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Pacotes de produtos cotados por R$ 273,25 cada em São Paulo, que dá para cobrir as necessidades de três famílias de até quatro pessoas. | ||
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Baseada em uma despesa de luz de R$ 100 por mês para uma família com até quatro pessoas. | ||
Viagem a |
Trechos aéreos individuais, de ida e volta, com partida de São Paulo, por R$ 790. | ||
42 shows |
Ingresso cotado por R$ 20 para apresentação no próximo dia 30, no CTN (Centro de Tradições Nordestinas), em São Paulo. | ||
Fontes: Submarino Viagens, Buscapé, CTN, Dieese, IBGE, EletroPaulo e Anefac |