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20/07/2023- PorLucas Saba
· 12/07/2023 17:10
K9: a droga sintética que está preocupando órgãos de saúde e que se espalha por São Paulo.| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A Secretaria de Saúde de São Paulo confirma que tem aumentado o número de internações nos hospitais de pessoas infectadas por droga sintética, também chamadas de drogas K (K2, K4 e K9). A substância é a base de canabinoide sintético, mas possui uma potência até 100 vezes maior que a maconha. Segundo especialistas, os efeitos da droga podem ser piores do que o crack.
As primeiras apreensões da droga K no Brasil ocorreram no centro de São Paulo, na região da cracolândia. Os casos iniciaram-se em 2020 e seguem em tendência de crescimento. A droga, que também é conhecida como Spice, acendeu o alerta nas autoridades de saúde. De acordo com dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, o número de casos de intoxicação por canabinoides sintéticos dobrou do ano passado para 2023. Em 2022 foram registrados 98 casos tanto da rede pública, quanto da rede privada. Neste ano, o número ultrapassa 220 casos suspeitos de intoxicação por droga sintética.
A Polícia Científica de SP está desenvolvendo novas técnicas para conseguir desvendar alguns mistérios da droga K. Por exemplo, ainda não há um método que identifica a causa da morte pelo uso das drogas sintéticas.
Apreensões de droga sintética também crescem
Segundo os dados da Polícia Civil do estado de SP, a quantidade de droga sintética encontrada dobrou. Em todo o ano de 2022 foram apreendidos pouco mais de 11 quilos da droga K. Neste ano, em apenas seis meses, foram apreendidos 22 quilos de droga sintética.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo afirma que segue intensificando as operações contra o tráfico de drogas. “As polícias Civil e Militar realizam operações visando o combate ao tráfico de drogas, que são realizadas por meio do trabalho de inteligência, com a análise dos indicadores criminais. Em 2022 foi apreendido 11,6 kg de maconhas sintéticas pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico. Neste ano, até o momento, mais de 22 kg de maconha sintética, entre K2, K4, K9, foram apreendidas”.
Somente nos últimos três meses, o Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas do Estado de São Paulo atendeu um total de 410 usuários de drogas sintéticas, sendo 80% homens.
De acordo com a Secretaria de Saúde paulista, os pacientes que são atendidos sob efeito da droga sintética apresentam sintomas como comportamento agressivo, excitação, alucinações, delírios, sensação de perseguição. Em relação aos sintomas físicos, são relacionados aumento da pressão arterial e picos hipertensivos.
Para o médico psiquiatra especialista em dependência química Cirilo Tissot, a droga K9 não pode ter qualquer tipo de comparação com a maconha tradicional.
“A K9 não tem relação com a maconha. Ela utiliza os mesmos receptores que a cannabis, mas é muito mais forte que a maconha. A K9 atinge 100% dos receptores do cérebro. Com isso, a droga sintética se torna mais viciante para o usuário”.
Cirilo Tissot, psiquiatra especialista em dependência química
Tissot ressalta preocupação com a explosão do número de casos. “O consumo da K9 está aumentando e não falo isso apenas pelos atendimentos no meu escritório. Como a droga pode ser colocada em uma caneta ou spray, ela se torna quase invisível. A K9 está se reproduzindo não só na cracolândia, bem como em lugares de muita vigilância, como presídios e clínicas de reabilitação”.
Por fim, o médico alerta para os malefícios que a substância causa no corpo humano, em pouco tempo. “A K9 é muito forte e destrutiva. Logo nos primeiros dias de uso, ela destrói o fígado e os rins do usuário”, completa Tissot.
https://www.gazetadopovo.com.br/sao-paulo/k9-a-droga-que-se-espalha-por-sao-paulo/