Sérgio Martins Gouveia, diretor da CBS Previdência – plano de previdência da CSN – fala sobre fundos de pensão em entrevista na webTV, segunda, 14, às 10h
10/01/2013PESQUISA DE JUROS ANEFAC REF. DEZEMBRO 2012 – Taxas de juros das operações de crédito caíram em dezembro
14/01/2013Comunicação com a imprensa em situações de risco ambiental – Abordagem de Ganhos Mutuos com a Mídia(*)
Este é o tipo de tema que cabe um monte de encheção de linguiça. Até porque muita gente que lida com o assunto é afeto aos ritmos do enrolation e embromation na hora de lidar com situações verdadeiramente críticas. As palavras de ordem são contenção de danos, gestão da reputação, interpretação pró-ativa dos fatos, pertinência na escolha dos ângulos de abordagem. De forma geral, ninguém com atribuição importante quer falar sobre o assunto, os advogados tentam impor suas teses legais, e muita gente tenta fazer até cara de paisagem como se nada relevante tivesse ocorrido. Ou pior: o ar é de surpresa.
Mal brifados – antes e pior ainda durante – os responsáveis pela comunicação com a imprensa são transformados em atrapalhadores gerais.
O contexto – seja de qual grau for – é assumido e controlado por fontes atingidas, fontes adversárias e fontes oportunistas.
Assim, o que se tenta negar com a grande maioria das teses de relações públicas sobre comunicação de crise e com os trabalhos inconsistentes publicizados por muitas agencias de comunicação e proto-especialistas é:
QUANDO HÁ VIDAS HUMANAS EM JOGO A OMISSÃO É CRIME
QUANDO HÁ EFEITOS QUE PODEM COMPROMETER VIDAS HUMANAS NUM PRAZO INDETERMINADO DE TEMPO A OMISSÃO É CRIME
O fato de algo ter ocorrido num tempo em que não existia os atuais regramentos do crime ambiental não exime ninguém de responsabilidade, de qualquer grau.
O avanço da sociedade brasileira na era do conhecimento, da consciência sobre os direitos da pessoa humana e a disposição de partes interessadas em adotar situações passíveis de risco imimente ou não, determinará um novo grau da judicialização ambiental.
Desta forma, a única estrutura de trabalho confiável para lidar com a cobertura de imprensa numa situação de crise é esta:
Abordagem de ganhos mútuos com a mídia
Todas as situações de risco à reputação de pessoas jurídicas e físicas que estimulam a atenção dos meios de comunicação devem adotar as seguintes posturas, independente de qualquer belíssimo plano de PR, de interesses de acionistas, do governo e dos egos dos executivos:
1. Levar em conta os interesses da mídia;
2. Dizer claramente o que sabe e o que não sabe;
3. Dar autoridade a pessoas disponíveis, capazes de partilhar opiniões de maneira aberta;
4. Ter papel educativo;
5. Estabelecer regras para contatos com a mídia;
6. Criar um exemplo que a mídia possa seguir;
7. Utilizar outros canais de comunicação para expor a opinião da empresa em crise;
8. Usar uma (ou mais) pessoa (s) neutra que possa falar por toda a questão.
Em todas as situações, mas particularmente nos temas relacionados às atividades processadoras de elementos químicos de qualquer nível, nada é surpresa. Portanto, as áreas de contingência devem ser estimuladas em sua criatividade para sugestão de cenários de risco. E os profissionais de comunicação devem ser criteriosamente selecionados para ser capazes de preparar antecipadamente todas as formas de comunicação com os públicos afetados e atuar firmemente se os fatos indesejados se tornarem realidade.
Deve ficar claro que a comunicação de forma geral, e as de relacionamento com a comunidade e imprensa em situações de risco em particular, é uma atitude política. Em primeiro lugar, das pessoas que ocupam os postos de influência e comando em qualquer instituição. Em segundo, das corporações – sejam públicas ou privadas – , as quais são entes coletivos que atuam na, sobre e pela sociedade.
A filtragem sobre os preceitos fundamentais do desenvolvimento sustentável e da governança corporativa permite a constatação de expectativa positiva quanto ao comportamento humano empresarial. Muito provavelmente, deste ponto, apura-se uma linha de atitude que dá sustentação à forma de lidar com a imprensa, como exposto à pouco.
Esta linha de atitude é a Abordagem de Ganhos Mútuos, que trata da relação das instituições com a comunidade relacionada às suas atividades.
Os princípios são aplicáveis em todos os temas e seus ângulos de atenção:
1.Reconhecer os interesses do outro lado por meio do exame do problema do ponto de vista dos outros.
2. Encorajar o exame conjunto dos fatos com a geração de informações em que os lados possam acreditar.
3. Compromisso de minimizar incidentes, caso ocorram por meio de promessa formal de compensação de prejuízos reconhecíveis, mas indesejados.
4. Aceitar responsabilidades, admitir erros, dividir o poder por ter consciência absoluta de que o importante é o sucesso do negócio.
5. Agir sempre de maneira confiável, dizendo o que quer e querer o que diz.
6. Enfatizar a construção de relacionamentos duráveis. O que só é feito por quem se importa com sua reputação, com sua credibilidade e com ganhos a longo prazo.
(*) Os conceitos e resultados práticos da Abordagem de Ganhos Mútuos podem ser vistos em detalhes na obra de Lawrence Susking e Patrich Field, Em Crise com a Opinião Pública, o diálogo como técnica fundamental para solucionar disputas, publicado no Brasil pela Editora Futura.
Cleinaldo Simoes