Algo de bom em meio à crise legislativa
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17/07/2013Ernani Fagundes
SÃO PAULO
A dívida externa do setor privado brasileiro, que inclui passivos de bancos nacionais, alcançou US$ 200 bilhões, e a concentração de compromissos de amortização do principal nos próximos 18 meses pode contribuir para a pressão de alta do dólar até 2014.
“A deterioração visível do balanço de pagamentos na conta financeira e a expectativa para a retirada dos estímulos monetários do Fed [Federal Reserve, o banco central americano] são os principais fatores para a tendência de alta do dólar”, aponta o especialista em câmbio da Fitta DTVM, Guilherme Prado.
Na última sexta-feira, a moeda americana fechou em alta de 0,40% em R$ 2,267. “As entradas do Banco Central no mercado não tem sido para conter a cotação, mas para dar liquidez aos participantes, isso indica que o câmbio seguirá pressionado na compra”, diz o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.
Dados do Banco Central mostram que setor privado tinha compromissos de amortização de US$ 59,171 bilhões entre abril e dezembro de 2013 e de mais US$ 38,6 bilhões para 2014. Somados aos compromissos do setor público, a amortização do principal de dívida externa pode somar US$ 148 bilhões ao final de 2014. No detalhe, a dívida externa de bancos privados supera US$ 81,041 bilhões, o passivo externo de bancos públicos é superior a US$ 28,778 bilhões, enquanto a dívida externa de empresas não bancárias está acima de US$ 92,457 bilhões, segundo o último relatório do BC.
Apesar da concentração no curto prazo, as reservas internacionais em torno de US$ 380 bilhões superam a dívida externa total próxima de US$ 300 bilhões.
Os compromissos externos do setor público, incluindo União, Estados e o Tesouro com amortizações são bem menores, US$ 4,625 bilhões até dezembro de 2013 e US$ 4,3 bilhões para 2014. Mas mesmo com essa folga financeira do Banco Central cresce a movimentação no mercado de derivativos de câmbio.
Em junho, o número de contratos de dólar futuro negociado na BM&FBovespa cresceu 17,3%, de 7,821 milhões de contratos para 9,174 milhões de contratos.
Na última sexta-feira, os bancos e empresas exportadoras que utilizam contratos de instituições financeiras estavam na posição vendida com US$ 19,173 bilhões em 383.477 contratos, ou seja, podem ganhar se o dólar cair até o vencimento de agosto.
Na posição comprada, ou seja, entre aqueles que desejam se proteger da alta do dólar estão os estrangeiros com US$ 8,921 bilhões em 178.424 contratos, e os investidores institucionais locais posicionados em US$ 8,364 bilhões em 167.283 contratos.
“Em algum momento, o Fed deve retirar seus estímulos monetários e os mercados emergentes vão sofrer muito. Ao mesmo tempo, a China busca controlar sua expansão de crédito que foi muito violenta nos últimos anos. Esse cenário faz que os investidores busquem proteção no mercado de derivativos”, argumenta o estrategista do Banco Fator Corretora, Paulo Gala.
Por último, outro fator que pressiona o dólar, é a saída de estrangeiros da Bolsa de Valores. “Só nesse início de julho, a saída é de R$ 1 bilhão”, disse Caio Sasaki, da XP Investimentos.
Petrobras
Na última sexta-feira, o papel preferencial (PN) da Petrobras caiu 2,34%, e a ação com direito a voto (ON) recuou 1,68%, após a repercussão entre analistas do uso de contabilidade de hedge (proteção). “A manobra contábil da estatal segue a vertente contábil criativa de seu controlador”, criticou o diretor da Ativa Corretora, Ricardo Correa, em relatório.
Já para Nelson Lacerda, da Lacerda & Lacerda Advogados, a operação de contabilidade de hedge da Petrobras é uma operação legal. “É uma prática adotada internacionalmente e recomendada para outras empresas de capital aberto”, afirmou Lacerda.