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08/10/2015EDISON VEIGA
03 Outubro 2015 | 18:00
Esculturas instaladas em áreas comuns são quase públicas, já que interferem na paisagem urbana; tendência é abraçada por construtoras e incorporadoras
Daqueles modismos que ganham a torcida para que não passem, construtoras e incorporadoras têm investido em obras artísticas nas áreas comuns de edifícios recém-inaugurados em São Paulo. Como tais adereços costumam ser instalados nos jardins, com diálogo para o espaço público da rua, são exemplos de arte privada interferindo na paisagem pública.
Premiado com o Master Imobiliário 2015, o empreendimento multiuso FL 4300, na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo, tem uma obra do artista plástico paulistano Artur Lescher. Que, é claro, vê na tendência uma fresta nova de mercado para o meio artístico – e um respiro visual para quem vive na metrópole. “Como alguém que gosta de andar a pé pela cidade, acho interessante essa surpresa que uma obra de arte fora do museu pode provocar nas pessoas”, comenta ele.
No portfólio da incorporadora Stan, o FL4300 é mais um a contar com arte em seus espaços comuns. “Acreditamos na simbiose entre arte e arquitetura e temos visto bons resultados disso no exterior”, avalia o vice-presidente executivo da empresa, Stefan Neuding Neto. “É uma linha que pretendemos seguir. Num primeiro momento, não agrega valor financeiro ao prédio, mas sem dúvida traz valor em termos de identificação e de referência.”
É o caso do Habitarte Brooklin, lançamento no bairro homônimo, também na zona sul da cidade. A cereja do bolo do projeto é uma obra exclusiva dos badalados designers Fernando e Humberto Campana, os irmãos Campana. Vai ficar no vão livre entre as duas torres residenciais. Tudo dialogando com a arquitetura, do escritório Aflalo & Gasperini – uma linguagem definida por linhas retas e “caixas” que enquadram os apartamentos em alturas diferentes.
Prédios paulistanos investem em obras de arte.
Variedade. Também são da mesma empresa os prédios batizados de Arte Arquitetura – um no Itaim Bibi, zona sul de São Paulo, outro nos Jardins, na zona oeste, dois em Pinheiros, também na zona oeste e, agora, um lançamento em Moema, zona sul. “São cinco projetos diferentes, com cinco artistas plásticos diferentes”, cita Neuding Neto.
Da Brookfield, no bairro de Pinheiros, o Brookfield Home Design traz 45 painéis pintados pelo artista espanhol David Dalmau, com cenas inspiradas no cotidiano do bairro nova-iorquino Soho. “Arte é inovação”, resume Carlos Eduardo Fernandes, superintendente comercial da incorporadora. “E com isso, tiramos aquela imagem de que ‘todo prédio é igual’. Com obras de arte, cada empreendimento tem a sua personalidade.”
A mesma empresa também lançou o ArtWork, na Vila Mariana, na zona sul da cidade, que terá um painel do artista [Roberto Camasmie – visível a partir da Rua Domingos de Moraes.
Outro premiado no Master Imobiliário deste ano, o Berrini One, na Vila Olímpia, tem praticamente um acervo artístico: são três as obras de arte que decoram o empreendimento. O artista venezuelano Carlos Cruz-Diez criou um painel de 60 metros de largura por 3 metros de altura que fica no lobby do edifício – trata-se a maior obra do artista em um edifício corporativo. Além disso, na entrada há uma escultura do Arnaldo Diederichsen. E, no subsolo, existe um painel de André Crespo.
“Existe uma conexão muito grande entre arquitetura, design e arte”, defende a gerente de marketing da Bueno Netto Empreendimentos Imobiliários, Renata Brasileiro Lima. “E acreditamos que, ao incorporar obras de arte e conectá-las com a arquitetura e o paisagismo, estamos valorizando nossos prédios.” Um discurso que, felizmente, parece estar se repetindo na construção civil.