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A série de reportagens sobre dependência química, conduzidas por Dr. Drauzio Varella no Fantástico, deram relevância ao trabalho do Acompanhante Terapêutico, função importante para a manutenção da saúde de um dos pacientes mostrado por três domingos. Por conta disso, o Instituto Greenwood – Ensino e Pesquisa traz para São Paulo o introdutor dessa forma de cuidado especial e atencioso na América Latina, o psiquiatra argentino Eduardo Kalina, para simpósio dia 20 de outubro, em São Paulo (Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 4.228 – Jardim Paulista).
O 1º Simpósio Internacional de Acompanhamento Terapêutico em Dependência Química – cujas inscrições exclusivas para profissionais de saúde e estudiosos do tema podem ser feitas aqui – reúne convidados, os psicólogos mestres e professores de pós-graduação Raphael Mestres e Nicácio Mendonça, sócios fundadores do Instituto Frontale, Curitiba/PR e importantes especialistas no tema, como o psiquiatra e diretor da Clínica Greenwood Dr. Pablo Roig, os psicólogos mestres Lucas Cortelletti Uchôa, Rodrigo Romano de Araujo; psicólogos especialistas Eduardo Ostan, Lilian Cristina da Silva França e Thiago Vendraminni.
A proposta do simpósio é ressaltar que o AT é uma ferramenta cada vez mais aplicada para viabilizar a reinserção social de pacientes que sofrem de diversos transtornos mentais, como psicose, autismo, compulsão ou dependência química, entre outros.
“O AT ajudará o dependente ou compulsivo voltar a participar do meio social, já que ele é, ao mesmo tempo, autor e vítima de sua marginalização. O AT o ajudará a cuidar de atividades rotineiras de forma organizada e a reconstruir seu círculo social, enfim sua vida como um todo”, diz o psiquiatra Pablo Miguel Roig. Pela sua efetiva contribuição no tratamento, a Clínica Greenwood foi pioneira ao introduzir o AT no atendimento terapêutico de dependentes de drogas no Brasil há mais de 20 anos.
Origem do AT
O profissional era denominado “amigo qualificado” na época, porém o termo deixou de ser aplicado por não representar a amplitude do papel desempenhado pelo AT. A modalidade começou a ser aplicada na década de 70 no Brasil, inicialmente na área de transtornos psiquiátricos e aos poucos se estendeu para outros campos. “É o oposto da prática clássica que costumava confinar o enfermo mental com o rótulo de louco, afastando-o de sua família e da comunidade”, diz Roig.
A origem do AT na Europa foi um pouco antes, na década de 60, quando os psiquiatras começaram a se preocupar com a humanização do tratamento e com a gradual reinserção dos pacientes mentais na sociedade.
O AT foi introduzido no atendimento dos pacientes da Greenwood e o treinamento dos primeiros profissionais habilitados foi feito pelo próprio psiquiatra Eduardo Kalina. “O AT é uma ferramenta importante no cumprimento da estratégia no espaço extra institucional. Seu trabalho não pode ser cumprido de forma isolada, já que ele integra uma equipe”, explica o psiquiatra Pablo Roig.
O profissional pode dar assistência ao paciente em crise e, dependendo da fase de diagnóstico ou ao longo de todo o processo terapêutico. A prática clínica mostra que a modalidade será mais produtiva e eficaz quando inserida na fase avançada do tratamento, ou seja, na fase final da internação ou pouco antes do paciente estar apto para iniciar as atividades no hospital-dia.
“Nesse estágio, o paciente apresenta um vínculo de maior estabilidade e confiança no tratamento e passou a reconhecer sua patologia e consequências. Estruturalmente está mais apto para enfrentar a realidade”, explica o fundador da Greenwood.
Passo a passo
Para estabelecer a confiança, o paciente conhece o AT durante a fase final da internação e depois são marcados encontros informais, sob a supervisão do responsável pelo tratamento. “O objetivo é quebrar resistências e fazer com o que paciente não se sinta incapaz nem tampouco vigiado. Ele deve ‘comprar’ a ideia”, defende Pablo Roig.
O processo de ressocialização implicará em uma reaproximação gradativa do paciente com o seu ambiente sociofamiliar. Depois, iniciam-se as saídas geralmente nos finais de semana e próximas ao local de internação.
Entre os grupos terapêuticos, há um específico para ajudar o paciente a elaborar sua programação de saída, incluindo o cumprimento de metas estabelecidas pelo tratamento. O objetivo terapêutico é desenvolver a sua capacidade de planejamento e organização.
O processo inclui trabalhos de limpeza e percurso que são cruciais para a reabilitação do paciente. Ele deverá limpar o quarto ou outro local que era usado para consumir a droga, retirando todos os vestígios e objetos relacionados à antiga prática.
No chamado percurso, o paciente fará o trajeto que percorria quando era usuário. Com o apoio da equipe, ele faz um mapa para mostrar os locais percorridos para compra e uso da droga. O instrumento é apresentado e discutido em grupo, visando auxiliar no entendimento do trabalho.
Há uma preocupação em garantir a segurança do paciente e do AT nesse processo. “É feita uma averiguação da possibilidade de envolvimento do paciente em delitos, dívidas com narcotráfico etc., considerando que o seu comportamento era associado a situações de risco”, esclarece o psiquiatra.
Essas ações de caráter terapêutico visam colocar o paciente em contato com a sua história e os seus rituais de uso. “A ideia é observar in loco as sensações que emergem, como está o vínculo com a droga e a forma como ele lida com os sentimentos.” Com isso, o paciente tende a compreender que usava de forma inadequada esses espaços e possibilita criar uma nova memória de forma “limpa”, saudável e responsável.
A próxima etapa envolve as saídas de ressocialização com a participação do AT nos mais variados espaços sociais, por exemplo, cinema, parques, festas etc. O paciente também deverá ser reinserido no ambiente familiar e o AT o ajudará a enfrentar situações de desconfiança e rejeição, comuns neste momento.
Após as diversas fases do tratamento, o vínculo entre o AT e o paciente é mantido em caráter de apoio e gradativamente ocorrerá a redução da frequência até a finalização do trabalho.