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Mercado prevê crescimento nas áreas de construção, varejo, agronegócio
Vinícius Felix, especial para Computerworld
26/02/2020
O carnaval passou. O ano vai começar. Sim, sabemos que essa velha máxima não é lá tão verdadeira assim, mas sempre ronda o nosso imaginário. Por isso ainda faz sentido perguntar: o que esperar de 2020 na economia brasileira? Teremos um ano de saldo positivo finalmente?
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) fez em dezembro último uma projeção de crescimento econômico para o País de 2,5%, sendo que um dos setores que vai puxar o número é o PIB industrial em recuperação – previsão de crescimento de 2,8% depois do tímido 0,7% de 2019. Ainda de acordo com a CNI, o PIB do agronegócio deve crescer em 3%. Ao mesmo tempo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens Serviços e Turismo (CNC) prevê aumento de 5,3% nas vendas do varejo.
Vem crescimento por aí, mas quem sustenta esses números? Procuramos os diferentes setores para dar uma olhada nas novidades e aperfeiçoamentos tecnológicos que vão garantir um 2020 mais lucrativo.
Crescimento na construção
É com expectativa que Everaldo Ramalho Jr., diretor responsável pela Engenharia e Operações da BN Engenharia olha para 2020. Dentro do setores da indústria, a construção civil tem a estimativa de 3% de crescimento, uma das mais otimistas depois de anos um tanto quanto em baixa.
“Não esperamos que tenhamos algo parecido com tivemos em 2010 com mais de 13% de crescimento no PIB da Construção Civil, mas acho que superamos a negatividade que vem desde 2014 até 2018, já que em 2019 crescemos aproximadamente 2% e o ano de 2020 veio mesmo para consolidar essa retomada do setor”, conta Everaldo.
Na expectativa interna, a BN segue na aposta que garantiu sua ida da 95º posição (2005) até a 9º (2019) no ranking da ITC (Inteligência Empresarial da Construção) das maiores construtoras do país. “Adotamos algumas estratégias que foram responsáveis pelo nosso crescimento, sendo a principal a de diversificação da nossa atuação, passamos a atuar fortemente no mercado de terceiros, conquistando projetos significativos junto ao Bradesco (BSP), Rede Globo, Autonomy, REUD e outros”, explica o diretor.
No dia a dia dos canteiros de obras, os diferenciais de acordo com Everaldo passam por novos softwares de gestão até novas formas para paredes de concreto, tanto em madeira como em aluminio. “Mas, isso vai de projeto a projeto, o nosso DNA é a otimização de projetos e emprego das melhores tecnologias para cada tipologia de obra”. Outro diferencial é a utilização do BIM (Building Information Model), modelagem que antecipa muito detalhes das obras e ajuda a reduzir custos ao conseguir fazer análises precisas de diferentes etapas da construção. “Hoje estamos utilizando o BIM para orçar, compatibilizar projetos e outras aplicações em parte dos nossos canteiros e pretendemos que em 2021 esteja presente em todas as obras”.
Varejo
A Renner que começou 2020 celebrando o lucro líquido de R$ 1,1 bilhão em 2019 é outra empresa que olha com bons olhos as expectativas para o ano novo e deve apostar na tecnologia. Alessandro Santiago Pomar, Diretor de TI da companhia conta que a expectativa é que a empresa invista mais de R$ 200 milhões em tecnologia só em 2020.
Há dez meses na empresa, Pomar acompanha uma mudança de paradigma na Renner que acontece já há dois anos e dá conta da integração total dos ambientes físicos com o ambiente digital da empresa tanto para consumidores quanto para os colaboradores nas lojas e nos setores administrativo, jurídico, entre outros.
Na enorme lista de nova funcionalidades lançadas recentemente estão desde o cuidado com o e-commerce pelo site e aplicativo até o desenvolvimento de modelos híbridos: “A gente permitiu compra online que retira em loja, a gente tem empoderado nosso colaborador de loja que pode fazer toda operação de checkout do cliente através do dispositivo, evitando que o cliente perca o tempo entrando em fila, já tem o Pague Digital montado nas lojas que é onde o cliente pode fazer o pagamento a partir do próprio aplicativo, temos mídias e terminais de autoatendimento de self checkout, onde ele pode finalizar a compra e pagamento sem ter que interagir com algum colaborador ou fila”, explica Pomar para ficar só em algumas de tantas novidades que melhoram a integração dos diversos espaços de venda.
O parâmetro de comparação para a qualidade e tipo do serviço não é baixa. Pomar reconhece que hoje seu cliente está acostumado com serviços como Spotify, Netflix e precisa da mesma praticidade quando compra na Renner. Deixar essa experiência tão prática quanto ver um filme por streaming é o diferencial entre vender ou não.
Os cuidado na área de tecnologia já dá resultados: 52,8% de crescimento do e-commerce em 2019 em comparação com 2018. Sendo que o app da Renner já representa 33% das vendas e 45% dos acessos do e-commerce. São cerca de 2,3 milhões de clientes ativos no aplicativo.
De olho em talentos, umas da preocupação da empresa é também o investimento em pessoal, até de tecnologia própria. “A gente tem um mix de soluções, alguns sistemas são sistemas padrão de mercado, fornecedores do mercado, mas temos desenvolvimento próprio. Do ponto de vista de dados, dados de cliente, dados da companhia, a gente não roda na nuvem, roda on premisse. Utilizamos a nuvem para laboratórios que não são críticos. A gente tem um comitê de segurança da informação, papéis e funções bem clara, onde participa a área de tecnologia, de clientes, jurídico, auditoria”.
Agronegócio
Dos setores que menos sentiram a pancada dos últimos anos, sendo um dos pilares do PIB nacional e do volume de exportações do País, a boa expectativa para o ano faz parte de projeções de empresas como a Aegro, responsável por um software que ajuda na administração de vários setores da produção de uma fazenda.
“Era uma ferramenta totalmente técnica voltada ao controle de lavoura pelo agrônomos, no primeiro ano. E a medida que esses agrônomos começaram a utilizar a ferramenta com os produtores rurais, eles começaram a demandar um pouco mais da parte de gestão administrativa e financeira e nós abraçamos isso. Hoje a gente faz uma gestão total da fazenda do produtor”, explica Pedro Dusso, CEO da Aegro.
A ferramenta fez uma pequena revolução no campo. “Quem levava um mês para fazer planejamento de valor hoje faz em uma semana, dez dias, cliente que pagava mais caro no insumo, porque não tinha histórico para negociar com a cooperativa e hoje entende quanto que custa o ponto de equilíbrio dele, gente que negocia com a trade hoje melhor porque tem, finalmente, uma decisão do efetivo custo da lavoura, o cara está sentado em uma dashboard na frente dele”, detalha a Aegro em uma matéria feita pelo blog da própria companhia. Ali, eles contam a história de uma usuária que conseguiu economizar R$ 70 mil em insumos.
Para 2020, a virada é uma solução que parece pouco atrativa em termo de marketing, nas palavras da própria empresa, mas que vai evitar muita dor de cabeça dos produtores. A ideia da Aegro é ajudar a solucionar questões de obrigatoriedade legais. “Imagina isso: uma operação que sai com 150 caminhões de uma lavoura, cada uma com uma nota, às vezes não tem computador, conectividade, como fazer com que o produtor não dependa do contador dele? A gente se colocou do lado dos clientes e vamos lidar com isso que ameaça o patrimônio deles, as multas são altíssimas”, explica a empresa.
Olhando mais para frente ainda, o paradigma perseguido pela Aegro é se tornar uma espécie de We Chat (o superaplicativo chinês) do agronegócio, um hub onde o agricultor possa contratar seguro, serviço de meteorologia, ir atrás de crédito. Outra vantagem que o Aegro e outras empresas nacionais têm no setor é a falta de concorrência com empresas estrangeiras, já que leis específicas, entre outros detalhes asseguram que o produtor nacional utilize produtos nacionais. Na visão de Pedro, o produtor local sente a necessidade de conhecer o fornecedor da tecnologia responsável por tantos processos, tem que apertar a mão: “ Por isso valorizam quem é daqui”.
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