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27/09/2021Promotora mapeia sinais de violência do homem e lança livro digital com alerta para mulheres
Fabíola Sucasas é membro do Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília. No e-book ‘A vida, saúde e segurança das mulheres’, servidora conta histórias reais para orientar vítimas e familiares.
Por Walder Galvão, g1 DF
27/09/2021 11h24 Atualizado há uma hora
Promotora Fabíola Sucasas lança livro sobre violência contra mulher — Foto: Arquivo pessoal
A vida, saúde e segurança das mulheres viraram tema e o nome de um livro digital que se propôs a mapear sinais de violência do homem. No e-book recém-lançado, a promotora do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em Brasília, Fabíola Sucasas conta casos reais, inclusive pessoais, para que leitoras consigam identificar tipos e graus das situações violentas (veja detalhes abaixo).
Com linguagem simples, a obra é destinada para mulheres de todas as idades, além de familiares das vítimas. A autora alerta que as agressões, físicas, psicológica e sexual, podem ocorrer em diversos ambientes, como profissionais, sociais e dentro de casa.
Ao g1, Fabíola, que também atua como titular da Promotoria de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, no Ministério Público de São Paulo, diz que o livro faz parte da série “Mulheres fora de série” e serve como um guia e alerta de sobrevivência. O e-book tem 50 páginas, custa R$ 15 e está à venda na internet.
Fabíola explica que também quis expor casos da própria vida, mas sem se identificar dentro das histórias. “Quis representar vários tipos de violência, em diversas situações. Seja de maior ou menor risco, e envolvendo relações íntimas de afeto, mas também familiares”, diz.
“Acredito que muitas mulheres vão se espelhar, não só como vítimas. Homens também, para perceber onde está a violência mais extrema.”
E-book para mulheres mapeia sinais de violência do homem — Foto: Reprodução
A promotora diz ainda que o livro digital também servirá para familiares e testemunhas de casos de violência, que muitas vezes se omitem e não auxiliam uma vítima a sair de um relacionamento abusivo.
Debate
Fabíola Sucasas é titular da Promotoria de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher — Foto: Arquivo pessoal
O livro é dividido em capítulos. No primeiro, por exemplo, Fabíola diz que “toda mulher já passou por algum episódio de violência”.
A promotora afirma que decidiu começar essa obra para mostrar a dimensão da Lei Maria da Penha. Para introduzir o assunto, Fabíola conta a história de uma mulher que sofreu violência sexual na rua, mas o acusado foi sentenciado por lesão corporal.
“Ela sofreu violência sexual e não se reconheceu. Fiz questão de colocar o ano [1991], quando não se discutia sobre o sistema machista”, conta Fabíola.
A obra também trata questões de gênero, sobre discurso ideológico e jurídico. “Falo sobre a conquista do direito ao voto, do que significava ser mulher no século 20 e sobre a falta de direitos trabalhistas. Tudo isso tem a ver com violência, que ainda é exercida para marcar um lugar de submissão da mulher”, destaca a autora.
Aspectos da violência
Em outra parte do e-book, a promotora fala sobre como a violência doméstica e familiar não acontece apenas na relação conjugal. Por meio da história de uma menina que passa a sofrer violência sexual na infância e só percebe quando engravida, Fabíola explica sobre o tema no livro.
“Trago números gritantes do sistema de saúde também. Muitas dessas meninas vítimas engravidam e passam para fazer exame de gravidez. Muitas vão para lá por estar com depressão e mudança de comportamento. A violência é um caso de saúde pública”, pontua.
Fabíola também narra a dinâmica de um relacionamento abusivo, sobre como a Lei Maria da Penha é um instrumento de liberdade e de que a violência não necessariamente deixa marcas aparentes.
“As marcas da violência podem ou não ser imediatas. Ela sempre é explícita, mas pode não ser algo físico e sim psicológico”, explica.
A promotora exemplifica que há casos de suicídio entre mulheres vítimas de violência, que são reflexos dessas marcas deixadas em casos de agressões físicas e psicológicas. O livro também cita que, como forma de combate ao quadro, é necessário ensinar crianças a serem feministas, tanto meninos como meninas.
“Temos que nos orgulhar da possibilidade de sermos feministas. É preciso desmistificar que isso não é uma guerra de sexos”, diz Fabíola.
Como e onde denunciar violência contra mulheres?
Fachada da Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II), em imagem de arquivo — Foto: SSP-DF/Divulgação
Em meio à pandemia de Covid-19, a Secretaria de Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP) tem canais de atendimento que funcionam 24h. As denúncias e registros de ocorrências podem ser feitos pelos seguintes meios:
- Telefone 197
- Telefone 190
- E-mail: denuncia197@pcdf.df.gov.br
- Delegacia eletrônica
- Whatsapp: (61) 98626-1197
O DF tem duas Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), na Asa Sul e em Ceilândia, mas os casos podem ser denunciados em qualquer unidade.
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também recebe denúncias e acompanha os inquéritos policiais, auxiliando no pedido de medida protetiva na Justiça.
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Em casos de flagrante, qualquer pessoa pode pedir o socorro da polícia, seja testemunha ou vítima.
- Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM)
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul, Brasília
Telefones: (61) 3207-6195 e (61) 3207-6212 - Delegacia de Atendimento Especial à Mulher (DEAM II)
Endereço: QNM 2, Conjunto G, Área Especial, Ceilândia Centro
Telefone: (61) 3207-7391 - Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)
Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144, Sede do MPDFT
Telefones: (61) 3343-6086 e (61) 3343-9625 - Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar
Contato: 3190-5291 - Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal
Contato: 180