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SÃO PAULO – Se somados, os principais bancos privados brasileiros – Bradesco, Itaú e Santander – aumentaram em mais de R$ 6,2 bilhões suas provisões para créditos de liquidação duvidosa nos últimos doze meses. No terceiro trimestre de 2012, o ritmo de crescimento foi menor, com provisão adicional conjunta de R$ 1,595 bilhão comparada com a do segundo trimestre de 2012, segundo dados dos respectivos balanços publicados.
“Mas podemos esperar um ritmo menor do crescimento das provisões nos bancos privados entre o primeiro trimestre e segundo trimestre de 2013, motivada pela renovação do ciclo de crédito para clientes com melhor capacidade de pagamento“, prevê o superintendente de Tesouraria do Banco Indusval & Partners, Daniel Luís Moreli Rocha.
Se, por um lado, os bancos privados estão limpando de suas carteiras os maus pagadores, Rocha vê risco para os bancos públicos. “Essa relativa agressividade dos bancos públicos em conceder empréstimos para pessoas mais necessitadas de crédito embute um risco maior do que em condições anteriores”, alertou.
Conforme os balanços publicados até o momento, o Itaú aumentou suas provisões de créditos de liquidação duvidosa, de R$ 24,719 bilhões no terceiro trimestre de 2011 para R$ 27,056 bilhões no segundo trimestre de 2012, e aos atuais R$ 27,682 bilhões no terceiro trimestre de 2012, um crescimento de 11,98% na comparação anual e de 2,31% no comparativo trimestral. “Conforme vimos no balanço, o Itaú pode ser o primeiro banco privado a apresentar essa melhora já no primeiro semestre de 2013”, aponta Rocha, do Indusval.
No mesmo período, o Bradesco elevou suas provisões de R$ 19,091 bilhões no terceiro trimestre do ano passado para R$ 20,682 bilhões no segundo trimestre de 2012, para os atuais R$ 20,915 bilhões ao fim de setembro, um avanço de 9,55% em doze meses, e de 1,12% nos últimos 3 meses.
Já o Santander, que apresentava saldo de movimentação da provisão de R$ 11,423 bilhões no terceiro trimestre de 2011, subiu para R$ 12,144 bilhões no segundo trimestre do ano corrente, ao registro de R$ 12,88 bilhões no terceiro trimestre de 2012, uma alta de 12,75% na comparação anual e de 6% na comparação com o trimestre anterior.
Até mesmo bancos médios, como o ABC Brasil, elevaram suas provisões e estão mais precavidos contra créditos de liquidação duvidosa. A instituição, que registrava provisão de R$ 24,6 milhões em setembro do ano passado, elevou-a para R$ 28,7 milhões em junho, e aos atuais R$ 32,8 milhões ao fim de setembro de 2012, uma elevação de 33% em doze meses e de 14,28% nos últimos 3 meses.
Para o sócio-fundador da LCC Auditoria e Consultores, Marcello Lopes, a melhora da inadimplência das pessoas físicas já poderá aparecer no quarto trimestre de 2012, com o pagamento do décimo terceiro salário. “Vamos ter agora uma diminuição da inadimplência, mas para 2013, no mínimo, os bancos privados vão manter as provisões nos mesmos patamares”, aponta Lopes, que argumenta que manter as provisões altas gera um benefício fiscal, e reduz o lucro, mas também o pagamento de impostos.
Mais pessimista, o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi) Silvio Paixão acredita que os bancos vão manter as provisões em alta nos próximos dois anos. “A inadimplência está se estabilizando num patamar muito alto, e as taxas de juros nominais praticadas pelos bancos permanecem acima da capacidade de pagamento das pessoas.”
Segundo Paixão, a taxa de juros nominal precisa cair pelo menos 30% e a renda real das pessoas crescer 3% ao ano em 3 anos para fechar o equilíbrio das contas.
http://www.dci.com.br/financas/bancos-privados-aumentam-provisao-contra-devedores–id318401.html