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“Gestores de fundos terão de estar preparados para um Brasil diferente”, projeta Florian Bartunek
Florian Bartunek foi um dos fundadores do Utor Asset Management, criado para gerir recursos do trio do 3G – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira. Para dar acesso a investidores externos, virou Constellation. Decidiu escrever um livro, em parceira com a jornalista Giuliana Napolitano e o advogado Pierre Moreau. O resultado, Fora da Curva, será lançado em Porto Alegre no dia 9, na Apimec.
O livro está sendo lançado agora porque bolsa recupera a atenção de investidores?
Nos últimos anos, com o juro alto, investidores quase não precisavam se preocupar em correr risco. Bastava comprar títulos de renda fixa. O retorno era bom. Quando o juro fica abaixo de 1% ao mês, quem vive de renda fixa começa a ficar nervoso. Com a perspectiva de queda no juro, as pessoas voltam a pensar em talvez adicionar algum risco ou diversificar o portfólio. Então, este é um momento oportuno para lançar o livro. Acho que as pessoas vão procurar mais informações.
A bolsa tem condições de sustentar a alta?
Acho que sim. O que mudou não foi só o presidente: foi a forma de ver a economia no país. Isso se reflete na gestão das companhias estatais e impactará na atração de capital estrangeiro para leilões de concessão de rodovias, aeroportos e linhas de transmissão. A nova perspectiva permite queda no juro. Com isso, há retomada da economia, mesmo que não seja forte porque ainda há muitos problemas. Com o novo governo, a economia melhora, e a taxa de juro cai.
Os lucros das companhias vão melhorar. Mas não é em um trimestre, é para três anos. Quase todas as companhias do país, com a recessão, tiveram de se adaptar. Infelizmente, cortaram custos, mas ficaram mais eficientes. Então, com a retomada, mesmo que moderada, haverá expansão de margens operacionais. As companhias com dívidas vão se beneficiar da queda na taxa de juro. Terão menores despesas. O cenário positivo, auspicioso, para a bolsa nos próximos três anos é baseado na retomada de lucro de companhias. Não é expectativa para a próxima semana, quando a bolsa pode cair, por exemplo. A previsão para três anos é de que a bolsa esteja em nível mais alto do que agora.
O livro é dirigido a quem não tem muito conhecimento do mercado. O que é mais importante saber?
O livro cita pessoas diferentes, de setores diferentes, com visões diferentes, falando algo parecido. Quais são essas linhas similares? Primeiro, o retorno será proporcional ao tempo dedicado aos investimentos. Não adianta pensar que, com uma hora por semana, você terá bom retorno. É como jogar tênis. Se você jogar uma hora por semana, não terá o mesmo desempenho de um sujeito que pratica o esporte três horas por dia. Não há atalho. Quanto mais dedicação, melhor. Investimento não é hobby. É preciso tempo. Depois, educação permanente. É necessário estudar, buscar informações. Ler jornais é importante, mas não é suficiente. Resumindo: tempo, educação permanente, humildade para ver e não repetir erros, além de controle emocional e autoconhecimento.
Tudo que fica fora da poupança tem volatilidade, sobe e desce. Você vai perder dinheiro em algum momento, isso é certo. É preciso saber o que fazer no momento de perda. Muitas pessoas erram e acham que são mais corajosas do que realmente são. Quando ativos de risco vão bem, é fácil. O problema é quando vão mal. O risco deve estar de acordo com a capacidade de cada um de absorvê-lo. É necessário ter um portfólio adequado para seu perfil de risco. O que vou fazer se minhas ações caírem 20%? Sempre haverá uma crise inesperada.
A crise de 2008 elevou a desconfiança de investidores em relação ao mercado de capitais?
Acho que sim. A bolsa sobe e atrai investidores que, por ambição e ganância, compram ações sem estudar. Mas, quando surge uma crise, saem do mercado. Isso gera um trauma que leva tempo para ser superado. Mas, com o dever de casa feito antes de investir, esse problema é minimizado.
Qual é o cenário que se desenha para os gestores de fundos no país?
Deverão estar preparados para absorver clientela maior. O sujeito que tem poupança ou investe no Tesouro Direto e ganha 1% ao mês consegue viver praticamente disso. Mas se juro cair para 0,8%, ou 0,5% ao mês, ele não conseguirá mais. Precisará fazer outra coisa. Aí, poderá buscar fundos. Os gestores terão de estar preparados para um Brasil diferente. Acostumaram-se, ou tiveram de se acostumar, a um país em crise nos últimos anos. Mas teremos um cenário com potencial de expansão, em que serão necessárias estratégias diferentes. Nos últimos anos, os gestores precisaram ser defensivos para sobreviver. Nos próximos, poderão ser mais agressivos. Será um desafio tremendo.
Você tem fama de boa praça, pouco comum no mercado de capitais. Como conquistou essa imagem?
Há espaço para todos. Isso é importante. Somos melhores ajudando os outros, e não atrapalhando. Claro que ninguém vai dar moleza no mercado, mas, se alguém estiver pior do que eu, não serei melhor. Quando a indústria de fundos vai bem, é melhor para todos. O mercado é grande, todos podem ganhar juntos. Principalmente os jovens, vendo filmes como O Lobo de Wall Street, pensam que um investidor quer matar o outro, que é uma putaria. Não é assim. É muito diferente. O livro mostra que não é assim. Há pessoas legais, que estudam. Não é um bando de maluco, assassino. Não é preciso que o outro vá mal para eu ir bem.
A Constellation nasceu no Utor, criado para gerir os recursos dos sócios do 3G, mundialmente famosos por seu grau de exigência. O que aprendeu com eles?Uma característica é a exigência para que tudo seja feito da melhor maneira possível e de forma ética. Aprendi que não são necessários atalhos. É possível fazer tudo com alto grau de excelência. O que aprendi é que errar é tolerável, desde que se tenha feito todo o necessário para que desse certo.
Em que a Constellation aposta neste momento?
Na recuperação da economia. O fundo tem posição de caixa menor do que nos últimos 12 meses. Também está apostando em empresas que irão se beneficiar da melhora no ciclo econômico e da queda na taxa de juro, além de companhias específicas que vão bem apesar do momento do país, como Rumo e Lojas Renner.
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